O presente artigo apresenta a primeira inserção formal da disciplina de Genética no Instituto Butantan evidenciada pela criação do Laboratório de Citologia, Embriologia & Genética Experimental, em 1935, durante a primeira gestão de Afrânio do Amaral (1928-38) como diretor do instituto. Mais especificamente, analisa-se a montagem desse laboratório e os frutos da pesquisa realizada pela geneticista alemã de origem judaica Gerta (também Gertrud) von Ubisch, a primeira mulher a ter a licença para lecionar na Universidade de Heidelberg e, ex-assistente de Carl Correns, um dos responsáveis pela redescoberta das Leis de Mendel. Além dos motivos de sua emigração e breve história na Alemanha, este artigo relata as propostas iniciais de pesquisa feitas por Afrânio e como a cientista se ajustou para o cumprimento destas tarefas. O artigo ainda contextualiza sua produção através de relatos das condições de trabalho, associação com outros pesquisadores alemães e brasileiros, além do cenário político brasileiro, estadual e institucional, nesse período. Nosso objetivo maior é o resgate da memória do Instituto Butantan. Uma abordagem para esse resgate é através da história de seus laboratórios. Aqui, utilizamos o Laboratório de Genética como um plano piloto com esse objetivo. O trabalho de Gerta von Ubisch é a primeira página da história do Laboratório de Genética do Instituto Butantan, ainda ativo nos dias de hoje.