IntroduçãoO presente artigo tem por objetivo analisar o processo de tomada de decisão dos deputados constituintes a partir de seus vínculos com as organizações partidárias extintas em 1979: Arena e MDB. A hipótese a ser testada é a de que o pertencimento à Arena ou ao MDB constitui-se em variável explicativa promissora para predizer o voto dos constituintes em questões que demandam um posicionamento ideológico mais definido. Toma-se como parâmetro de análise um conjunto específico de votações em que a relação capital/trabalho está claramente em questão (Diap, 1988). Para além da análise dos dados, pretende-se estabelecer um diálogo com a literatura pertinente sobre o tema, sendo o fio condutor a confrontação de hipóteses.Para tanto, o artigo está dividido em quatro partes. Após a introdução, apresenta-se o contexto do debate acadêmico sobre análise do desempenho partidário na Câmara dos Deputados, principalmente a partir do exame de índices de fidelidade partidária em votações de plenário (tanto no contexto da Constituinte, como ao longo da déca-da de 1990). A terceira parte é central no artigo, visto que, para além da explicação da metodologia empregada, são analisados os dados que permitem mensurar a relação entre o posicionamento dos deputados e seus antigos vínculos partidários. A seguir, a presente hipótese será confrontada com duas hipóteses alternativas (origem socioocupacional e territorial dos deputados) para a compreensão do comportamento dos constituintes. Por fim, serão realizadas as considerações finais.