Dinâmicas interacionais do bullying entre meninas: explorando as tramas do aprendizado de gênero

Abstract

Resumo Neste estudo, analisa-se como meninas entre 11 e 15 anos manejam o bullying como mecanismo socializador, que classifica os pares em um jogo de diferenças e oposições. Trata-se de uma pesquisa etnográfica realizada em duas escolas públicas das capitais dos Estados de São Paulo e Salvador, Brasil. Práticas de bullying configuram uma forma de interação que as ordena socialmente, por meio da regulação da sexualidade. Nesse contexto, as disputas por poder estruturam a prescrição de modos de ser menina e definem posições na hierarquia social. A micropolítica instaurada nessa disputa evidencia como controle e punição sociais conduzem ao aprendizado de representações convencionais de feminilidade.

Entre norme et subversion : (re)constructions du genre à l’école

“…La plupart du temps, les conflits entre filles sont motivés par une rivalité dans la compétition hétérosexuelle. L'intimidation dure plusieurs mois et se caractérise par l'isolement social progressif par le biais de commérages et de ruptures d'amitiés (Guimarães, 2018). Les histoires d'activité sexuelle excessive et précoce avec de multiples partenaires sont utilisées pour alimenter l'ordre social, en ayant pour effet de neutraliser les éventuelles situations de dépassement ou de démarcation sociale (Ringrose & Renold, 2010 ;Miller, 2016) : « Il y en a toujours une qui a quelque-chose de mieux que l'autre, et l'autre commence alors à critiquer… Les filles aiment se moquer, se donner des surnoms, parce qu'elles pensent que l'autre fait sa belle », dit Rita (12 ans).…”

“…Chez les adolescentes, les pratiques d'intimidation, telles la stigmatisation (médisances, insultes) et l'exclusion sociale, sont centrées sur la manière dont les sujets se présentent (ou sur ce qu'ils représentent) dans le milieu social et sur ce que signifie le fait d'occuper une position méprisée (Miller, 2016 ;Guimarães, 2018). C'est alors l'image de la personne qui est en jeu, le socle de son appréciation sociale : sa réputation.…”

“As meninas hoje tão muito soltas”: os discursos institucionais que fundamentam o processo de regulação moral

“…Não obstante, transformações amplas no processo de sexualização da sociedade contemporânea 3 engendraram novas práticas de sexualidade feminina, denominadas hipersexualização. A figura feminina hipersexualizada refere-se a alguém cujo poder já não deriva de uma suposta inocência ou virtude, mas de seu capital físico, suas habilidades sexuais e maior subjetividade sexual (Gill, 2012;Ringrose, Harvey, Fill, & Livingstone, 2013;Guimarães, 2018). Em vários âmbitos sociais, mulheres jovens têm usado a sexualidade ativa, emancipada, para demarcar a independência entre os gêneros.…”

“…Este tema vincula-se à discussão acerca da competição por popularidade entre meninas (Duncan, 2004;Guimarães, 2018). As próprias adolescentes afirmavam haver "disputa para se aparecer".…”

Adolescências, gênero, sexualidade e educação

“…Quanto mais um contexto, um grupo, uma escola e uma sociedade se mostrarem rigidamente alinhados aos padrões de gênero e sexualidade, mais sofrimento tendem a produzir. O estudo de Guimarães (2018) Uma outra pesquisa é a de Abramovay, Castro e Silva ( 2004), que realizou um mapeamento de âmbito nacional pela Unesco, que possibilita identificar a diversidade de percepções dos jovens a respeito da sexualidade. Um dos pontos relevantes dos resultados está na evidência do preconceito social a respeito da preocupação com a virgindade feminina.…”