Neste artigo temos como objetivo discutir como participantes – aluno orientado e professor orientador – constroem conjuntamente entendimentos acerca do que conta como escrita acadêmica durante uma sessão de orientação e, ainda, como esses entendimentos são elaborados pelo estudante na escrita de um TCC. O aporte teórico-metodológico adotado são os pressupostos da etnografia da linguagem (RAMPTON; MAYBIN; ROBERTS, 2014; GARCEZ, SCHULZ, 2015), entendendo etnografia como forma de teorização (LILLIS, 2008), dos estudos de Letramentos Acadêmicos (LILLIS; SCOTT, 2007; LEA; STREET, 2014) e do dialogismo (BAKHTIN, 2016; VOLOCHINOV, 2017). Como resultados, reconhecemos que o aluno traz padrões de escrita escolares para escrever seu TCC e a negociação com o orientador o leva a entender aos poucos o que conta como escrita nessa prática de letramento que envolve pesquisa. As negociações acerca do que conta como legítimo para um TCC são determinadas também pelos posicionamentos sócio-históricos que os sujeitos da linguagem mutuamente se atribuem e pela interlocução estabelecida com diferentes interlocutores (orientador, possível leitor, academia).