2020
DOI: 10.4013/fem.2020.221.03
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Desinformação científica em tempos de crise epistêmica: circulação de teorias da conspiração nas plataformas de mídias sociais

Abstract: RESUMOA disseminação de desinformação sobre ciência nas mídias sociais tem sido uma das grandes preocupações mundiais, sobretudo em um momento em que se vive uma crise na qual todas as instituições produtoras de conhecimento e verdade, entre elas a ciência, estão deslegitimadas ou desacreditadas por parte da sociedade. Diante disso, a proposta desta pesquisa é mapear a circulação de informação sobre teorias da conspiração mais frequentes no Brasil, buscando identificar os atores, os discursos e as interações e… Show more

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“…#EuApoioBolsonaro #FechadoComBolsonaro #HidroxicloroquinaJa" Um recorrente movimento que também tem sido percebido nesse contexto é o da descrença institucional. Estamos vivendo uma crise institucional e democrática, que vem refletindo em uma descrença epistêmica, manifestada na falta de confiança em instituições produtoras ou disseminadoras de conhecimento, como a mídia e a ciência (Oliveira, 2020). Tal descrença sobre as instituições é parte de um esvaziamento da noção de participação pública substituída por manifestações por meio dos canais de comunicação e plataformas digitais, na medida em que o cidadão se percebe como desprovido de reconhecimento de sua importância nos espaços socialmente legitimados para exercer o seu direito de dialogar no debate público, nos processos decisórios que afetam sua vida e na implementação das políticas públicas.…”
Section: Resultsunclassified
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“…#EuApoioBolsonaro #FechadoComBolsonaro #HidroxicloroquinaJa" Um recorrente movimento que também tem sido percebido nesse contexto é o da descrença institucional. Estamos vivendo uma crise institucional e democrática, que vem refletindo em uma descrença epistêmica, manifestada na falta de confiança em instituições produtoras ou disseminadoras de conhecimento, como a mídia e a ciência (Oliveira, 2020). Tal descrença sobre as instituições é parte de um esvaziamento da noção de participação pública substituída por manifestações por meio dos canais de comunicação e plataformas digitais, na medida em que o cidadão se percebe como desprovido de reconhecimento de sua importância nos espaços socialmente legitimados para exercer o seu direito de dialogar no debate público, nos processos decisórios que afetam sua vida e na implementação das políticas públicas.…”
Section: Resultsunclassified
“…As teorias da conspiração, durante muito tempo, foram entendidas como conhecimento estigmatizado (Barkun, 2016), sendo ignoradas por instituições que foram consolidadas em torno da produção da verdade, ou seja, ciência e mídia. Hoje, devido ao impacto que a desinformação relacionada à ciência tem tido na sociedade, presente inclusive na fala de lideranças políticas mundiais, as teorias da conspiração têm ganhado maior atenção e visibilidade por parte da mídia e na literatura científica (Oliveira, 2020). Emergem como forma de contestação a sistemas e modelos vigentes sobre instituições consolidadas na modernidade como produtoras de verdade, como a mídia e a ciência.…”
Section: Resultsunclassified
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“…Os três casos apontam para questões que envolvem conflitos de interesses entre cientistas, a indústria farmacêutica, o governo e a própria mídia, a qual exerce um papel importante na midiatização dessas controvérsias, aumentando a desconfiança da população sobre essas instituições. Para além desses atores, cuja relação com a universidade tem sido cada vez mais intrínseca, as disputas sobre a informação científica, especialmente em redes sociais, têm se tornado cada vez mais evidentes, sobretudo em função de constantes apropriações de discursos científicos para a propagação de informação que vai contra as próprias pesquisas científicas, o que tem sido chamado de fake science [9][10] . Nestes espaços digitais de disputa pela atenção, a influência em rede tem se tornado um valor importante para a construção de autoridade e reconhecimento junto ao público.…”
Section: Introductionunclassified
“…Segundo aponta Camila Tavares55 , os valores distintivos no qual o jornalismo fora consolidado o afastaram da esfera política, mas, por outro lado, acabou se tornando dependente da esfera econômica, tornando-o vulnerável a fluxos econômicos.Segundo aponta Nielsen56 , para além de crises financeiras do jornalismo, há uma crise de confiança pública, potencializada pelo desenvolvimento de tecnologias da comunicação e informação, sobretudo os sites de redes sociais digitais. A partir de uma lógica de mercado neoliberal 57 voltada para a personalização de consumo informacional, essas plataformas de redes sociais digitais têm se tornado um espaço primordial para a informação -e desinformação -na atualidade, visto que 57% dos brasileiros que mantêm contas ativas no Facebook informam-se pela plataforma, de acordo com o relatório publicado em 2018 pela Digital News Report53 .Embora haja uma ocorrência desde muito antes da Internet58 , a desinformação é amplificada com a ascensão das mídias sociais uma vez que nestes espaços autoridades tradicionais sobre a informação convencional médica, como jornalistas e especialistas, têm um alcance limitado59 , contando com uma forte Já em relação às instituições científicas, as crises estão relacionadas à incapacidade da ciência em tratar de problemas sociais10 , com a academia cada vez mais afastada de seu propósito de bem comum à sociedade para atender às demandas da esfera econômica, como vem discutindo Signates63 . Para além da incapacidade da ciência de cumprir as promessas da modernidade de resolver as mazelas sociais, as mensagens dissonantes da própria ciência e as disputas epistemológicas dentro do campo científico percebido pelo público impulsionam sentimentos de desconfiança sobre as informações que sempre existiram, mas outrora não possuíam tal alcance, como as teorias da conspiração, o terraplanismo e o próprio movimento antivacina.Inúmeros têm sido os trabalhos que buscam entender o fenômeno das fake news[66][67][68][69][70] .…”
unclassified