Longe de ser o fundamento da história, o sujeito é efeito das práticas sociais que o constitui em meio a um campo de forças marcado por relações de dominação e práticas de liberdade. Estas são questões densas em relação às quais a genealogia proposta por Michel Foucault, a partir da sua leitura de Friedrich Nietzsche, apresenta elementos para pensar e fazer a pesquisa histórica dos modos de constituição do sujeito, isto é, fazer a história crítica da subjetividade. Este texto tem o objetivo de analisar a genealogia foucaultiana no âmbito da filosofia pós-estruturalista e da filosofia da diferença, mapeando os seguintes aspectos teórico-metodológicos: a) a caracterização do pós-estruturalismo como movimento filosófico com proposições radicais em relação à história da filosofia ocidental; b) a crítica da noção de sujeito na historiografia; b) a problematização do conceito de poder na genealogia foucaultiana a partir do conceito de “força” herdado de Nietzsche, sem reduzir as relações de poder/força à noção de violência. Deste modo, o estudo visa contribuir com um mapeamento que introduz em termos teóricos e metodológicos os aspectos centrais da genealogia foucaultiana – na articulação e diferenciação com interlocutores como Gilles Deleuze, Félix Guattari e Judith Butler, por exemplo – caracterizando terminologias e procedimentos que, no âmbito da teoria e metodologia da história, permitem (re) desenhar objetos de estudo, formas de problematização e crítica da modernidade, subjetividade e da historiografia como um canteiro de saber.