Da argumentação à demonstração: os estreitamentos focais como estratégias de objetivação

Abstract

Partindo da ideia de que a afirmação da objetividade é sempre produto de estratégias de objetivação, propõe-se neste texto caracterizar e assinalar a importância dos “estreitamentos focais” como um tipo de estratégia argumentativa mas, também, como uma forma de exercício de poder. Por outro lado — e à luz da noção de “estreitamento focal” — retomaremos a questão da articulação entre argumentação e demonstração, focando-nos na forma como acontece a construção argumentativa da demonstração. A interrogação final incide sobre o significado e as consequências sociais da valorização pragmática do demonstrativo enquanto dispositivo de poder e dominação.

Rotulação na perspectiva do modelo dialogal da argumentação

“…O modelo dialogal da argumentação que, a partir de estudos no campo da Pragmadialética (EEMEREN; GROOTENDORST, 1991) e da Análise da Conversação (SACKS; SCHEGLOFF; JEFFERSON, 1974;MOESCHLER, 1985;GALEMBECK;SILVA;ROSA, 1990;KERBRAT-ORECCHIONI, 1990;PLANTIN, 1995;FÁVERO;MARCUSCHI, [1986MARCUSCHI, [ ] 2003FÁVERO et al, 2010), tem sido desenvolvida por Plantin (2008Plantin ( , 2009Plantin ( , 2018, amplificada por Grácio (2010;2012;2019) e atualizada, no Brasil, por Damasceno-Morais (2017, possui como princípio constitutivo a interação e o diálogo, a partir do dissenso ou o que o autor chama de "estase", a qual origina uma "questão argumentativa". O ponto de partida de tal perspectiva é a costura de um discurso e um contradiscurso, a partir do estabelecimento de papéis de atuação: proponente, oponente e terceiro 3 .…”

\"Por quais estátuas os sinos do nosso luto dobram?\": construindo o argumentário do dissenso em torno de monumentos racistas e colonialistas no Brasil

“…A posição de Rui Grácio (2015) caminha na mesma direção, na medida em que concebe o argumentário como "o conjunto de argumentos que são mobilizados sobre um determinado assunto em questão".…”