Criança e infância na obra de Philippe Ariès e nos clássicos da História Social da Classe Operária: em busca das crianças invisíveis – as crianças proletárias

Abstract

Neste artigo revelamos o lugar que as crianças proletárias tiveram nas representações dos conceitos de criança e de infância nos séculos XVII, XVIII e XIX na Europa, especialmente na obra de Philippe Ariès, pioneiro em pesquisar essa temática, ainda que, na sua obra seminal História social da criança e da família (2015), não tenhamos localizado nenhuma referência aos filhos da classe trabalhadora. Entretanto, a criança proletária teve presença social preponderante nas obras dos autores da História Social da Classe Operária, como será mostrado ao longo do texto, as quais abordavam a revolução industrial e a consolidação da formação social capitalista. Trata-se de uma pesquisa histórica e documental, com base em uma interpretação marxista da história. O artigo conclui que as representações de criança e infância de Ariès (2015) foram feitas com base em crianças pertencentes às classes dominantes da época (da nobreza e da aristocracia). Essas representações dos filhos das classes mais abastadas eram bem diferentes e bem distantes da efervescente vida social e da limitada vida material do resto das crianças – as crianças proletárias, que eram covardemente exploradas pelo capitalismo nos campos, nas fábricas, nas olarias e nas minas de carvão.

Violência intrafamiliar, infância e pandemia: olhares prospectivos em cenários nefastos

“…do trabalho infantil de determinadas populações um fato histórico, que perdura até os dias atuais e é banalizado em diferentes culturas, incluindo a sociedade brasileira(HERMIDA, 2021).Apesar das mudanças de paradigma ocorridas ao longo dos séculos, persistiu a visão de que a criança era um "adulto incompleto", uma tela em branco que necessitava ter sua moral e conduta moldadas por adultos(HEYHOOD, 2004). Nesse contexto, até o século XX, os estudos focados em crianças buscavam compreender como ocorria seu desenvolvimento biológico, mas pouco se sabia sobre a criança como sujeito histórico, social e cultural, detentora de direitos.…”