IntrODuçãOAs DST (doenças sexualmente transmissíveis) são infecções que demonstram difícil controle nas diversas populações, o que as caracteriza como grave problema de saúde pública. Neste contexto, há alguns anos tem sido implantado um programa de prevenção a essas doenças na população indígena brasileira, que, apesar de apresentar ainda pouca documentação científica, tem atingido ín-dices expressivos, em torno de 10-15% 1 . A dificuldade de levantamento dos dados é explicada, fundamentalmente, pelas dificuldades relativas à extensa área geográfica do País, dificultando o deslocamento; impedimentos culturais; e até mesmo pouco conhecimento a respeito das comunidades indígenas.Alguns pesquisadores realizaram estudos em regiões específi-cas, o que não equivale à população indígena brasileira total, composta por, aproximadamente, 459 mil indivíduos distribuídos em 3.627 aldeias, com mais de 200 etnias, 180 línguas e 30 famílias linguísticas. Esta população está alocada da seguinte forma: 54% na região Norte, 24% no Nordeste, 20% no Centro-Oeste; 8% no Sul e 3% no Sudeste 2 . A legislação que impõe o controle e a prevenção dentro das comunidades apresenta-se como um excelente método, mas ainda se encontra limitada e pouco implantada, deste modo. os estudos que envolvem a população indígena normalmente têm se relacionado com a cultura, e não com a saúde.Historicamente, desde os tempos coloniais, os povos indígenas têm sofrido uma violação de seus direitos individuais, expropriação do direito de propriedade coletiva sobre a terra e limitação de políticas públicas dirigidas à área social. Além disso, sofrem ainda com eventual falta de reconhecimento de sua diversidade cultural e étnica 3 . Outro fator que dificulta o estudo e planejamento na população indígena é em relação à dinâmica demográfica; a partir de estudos pontuais, observa-se que a dinâmica demográfica da população indígena é pouco conhecida e bastante complexa. A grande diversidade de situações em relação à mobilidade espacial de alguns grupos, concentração de índios em assentamentos urbanos, taxas elevadas de mortalidade infantil e crescimento negativo da população exige estudos específicos para os diferentes grupos 4 . Com a finalidade de que ocorra o conhecimento e o entendimento dos possíveis fatores de risco e vulnerabilidades que as populações indígenas possuem, são identificadas as redes sociais que permeiam estas comunidades, assim como seus interlocutores--chave, a fim de caracterizar e identificá-las em suas dimensões antropológicas e políticas, e saber como essas desenvolvem a disseminação de doenças 4,5 . No intuito de que ocorra a redução da infecção pelo HIV na população brasileira, estabeleceram-se algumas diretrizes técnicas, que também podem ser aplicadas aos povos indígenas, como 4,5 :• mudanças de comportamento por meio do acesso à informação qualificada sobre os meios de transmissão e prevenção, e percepção de risco; • estabelecimento de modelos de intervenção que permitam considerar os diversos grupos populacionais, quanto à tomada de...