Resumo: O trabalho desenvolvido refere-se a um estudo do processo de individuação da mulher, especificamente quando se torna mãe. Partindo da escuta analítica, em consultório particular, de mulheres que são mães, e com base no referencial teórico de Carl Gustav Jung, utilizou-se da pesquisa bibliográfica para conhecer e compreender os aspectos coletivos da experiência materna, como manifestação do arquétipo da Grande Mãe, uma vez que o tema da maternidade vem sendo amplamente discutido em rodas de conversa, blogs, lives, entre outros meios de comunicação. Para auxiliar na compreensão deste estudo, utilizou-se da análise dos elementos de um conto popular da mitologia inuít, Pele de foca, pele da alma, seguindo o método de análise dos sonhos, sugerido por C. G. Jung, uma vez que esse tipo de narrativa é considerado pela psicologia analítica um rico material simbólico, capaz de se comunicar com a alma humana. A personagem principal passa por algumas transformações, desafios e problemas, cujas imagens podem contribuir para a compreensão do caminho percorrido pelas mulheres, quando da maternidade. Este trabalho mostrou como o estudo dos arquétipos e suas expressões, proporcionado pela psicologia profunda de Jung, é uma grande e importante contribuição para o entendimento das manifestações femininas no comportamento da mulhermãe e como a reconexão com o mundo interior e com os aspectos do Grande Feminino pode operar transformações importantes na vida da mulher e na sociedade em geral.Palavras-chaves: individuação; feminino; arquétipos; Grande Mãe; psicologia analítica.
IntroduçãoA partir da escuta, em consultório particular, de mulheres que são mães, percebe-se alguns pontos em comum entre elas. São mães de crianças pequenas; cuidam também da casa, das questões escolares dos filhos e exercem alguma profissão. Sentem-se sobrecarregadas com o excesso de trabalho doméstico, com o leva-e-traz das crianças em aulas extracurriculares, consultas médicas e com toda a responsabilidade No processo de individuação (a criança) antecipa uma figura proveniente da síntese dos elementos conscientes e inconscientes da personalidade. É, portanto, um símbolo de unificação dos opostos, um mediador, ou um portador da salvação, um propiciador de completude (JUNG, OC, vol. IX/1, §278).