O artigo busca examinar alguns dos princípios que regem a representação da metrópole contemporânea na produção audiovisual brasileira. Para além do progresso e do dinamismo típicos da cidade moderna, o discurso contemporâneo aborda a metrópole como espaço de desorientação, que catalisa e amplifica experiências sensoriais. Investigaremos em particular a representação de São Paulo na série televisiva Alice (2008), na qual a protagonista tem a vida afetiva atravessada por suas descobertas da cidade, numa “estratégia feminina de leitura do espaço” (Bruno, 2007). Destacando outras produções paulistanas da primeira década dos anos 2000, refletiremos ainda sobre as estratégias de abordagem do espaço urbano no cinema contemporâneo, questionando a tendência de “retorno ao real” através da sensorialidade.
Este artigo pretende investigar o primeiro cinema em busca de marcas da “invenção” do personagem cinematográfico e, de modo correlato, da “invenção” do ator de cinema. Analisaremos diversas estratégias de enunciação e de figuração que revestem o corpo filmado de sua carga narrativa, tornando significativas suas aparições no decorrer do filme. Dentre essas estratégias, ressaltaremos o plano aproximado do rosto do ator – de Chapeaux à transformations (Lumière, 1895) a Fantômas (Feuillade, 1913), o close-up se mostra a principal ferramenta que permite ao espectador antecipar e projetar na figura humana uma identidade individual dotada de certa consistência psicológica e apta a desempenhar as funções narrativas que passam a ser exigidas pelos filmes. Veremos todavia que, apesar de sua essencial contribuição para o processo de “integração narrativa”, o close-up também preserva o rosto como uma “atração” à parte. Tal força atracional, já presente em obras de Méliès (Le roi du maquillage, 1904) e A. E. Weed (Photographing a female crook e Subject for the rogue’s gallery, 1904), chega renovada ao momento contemporâneo através de filmes que, investindo em metamorfoses e multiplicações dos personagens, complicam a relação entre corpo e identidade. Assim, o retorno ao close-up no primeiro cinema se revela crucial para a compreensão das origens e complexidades do personagem cinematográfico para além das órbitas da literatura e do teatro.
Este artigo busca investigar a partir de que momento, por quais critérios e com que exatidão podemos afirmar que há “suspensão narrativa”, quais as qualidades das imagens que operam essa suspensão e quais as suas consequências na experiência do espectador. Para tanto, articularemos um panorama teórico sustentado por diversas noções – o “conceito estendido de moving-picture dance” (Carroll), a “fotogenia” (Epstein, Xavier), o “número musical” (Altman, Sutton), o “cinema de atrações” (Geaudreault, Borges), o “punctum” e o “terceiro sentido” (Barthes) e o “excesso” (Thompson) – e avançaremos que, ao rescindir com as motivações e com a lógica causal da trama, essa imagem “interessante por si própria” acaba por revelar uma “elasticidade” latente na própria narrativa cinematográfica.
Resumo Este artigo busca refletir sobre o trabalho do ator a partir de personagens androides no cinema de ficção científica. Discutiremos como o recorrente motivo do desmascaramento do androide coloca em questão o rosto e o olhar humanos. De A clever dummy (1917) a Blade Runner 2049 (2017), examinaremos algumas das estratégias narrativas e estéticas que transformam o ator em personagem-máquina, atentando também para possíveis origens da figura do androide na cultura ocidental e para alguns de seus desdobramentos na obra dos artistas Otávio Donasci, Tony Oursler e Denis Marleau.
Ce document est protégé par la loi sur le droit d'auteur. L'utilisation des services d'Érudit (y compris la reproduction) est assujettie à sa politique d'utilisation que vous pouvez consulter en ligne.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.