REsuMOTema: características dos sons fricativos surdos. Objetivo: propor uma revisão da literatura pertinente às características acústicas, fonéticas e fonológicas dos fonemas fricativos surdos que integram o sistema fonológico do Português. Além disso, são descritas suas aplicações na terapia vocal. Conclusões: os fricativos são fonemas agudos, abrangendo de 2500 a 8000Hz; são plenamente adquiridos até os 3:7 anos de idade; o /s/ que também é o mais afetado em casos de frênulo lingual curto; a omissão do /s/ é uma das ocorrências mais freqüentes na alfabetização; sendo que, no desvio fonológico e na fissura lábio-palatina, freqüentemente ocorre comprometimento de toda a classe de fricativos. Na avaliação de voz, os fricativos são mencionados com as medidas de TMF e relação s/z, bem como seu uso como sons de apoio na fonoterapia.
DEsCRITOREs
InTRODuçãOOs fonemas fricativos surdos têm importância singular na prática fonoaudiológica, pois são alvo de interesse e estudos tanto nas áreas da audição, linguagem (oral e escrita), motricidade oral, quanto na área de voz [1][2][3][4][5][6] . Apesar do grande número de pesquisas realizadas nas áreas de fonologia, ainda são muito poucos os estudos sobre o seu uso na área de voz. Os fonemas fricativos surdos são de fácil produção e podem ser utilizados na avaliação quantitativa e qualitativa da voz, no treinamento do controle respiratório, e no treinamento da dinâmica fonatória. Também podem ser utilizados como sons de apoio na terapia das disfonias e nos pós-operatórios imediatos de laringe por não solicitarem a fonte glótica [6][7][8][9][10][11][12][13][14] . As consoantes recebem o nome de fricativas quando o fluxo de ar passa por um grande estreitamento na cavidade oral, suficiente para produzir uma turbulência aérea, como ocorre nos fonemas /f/, /v/, /s/, /z/, /S/, /Z/. Convém lembrar que todos os fonemas sonoros apresentam menor intensidade do que seus correspondentes surdos e são, também, um pouco mais graves devido ao acoplamento da fonte glótica à fonte friccional 1,2 . Algumas pesquisas mostram que esses fonemas são completamente adquiridos até os 3:7 anos de idade 15,16 . Na literatura internacional, existem muitas pesquisas voltadas para a caracterização dos fonemas fricativos surdos em populações específicas, como, por exemplo, em casos de pacientes com Mal de Parkinson e afasia, dentre outras desordens que alteram a fala [17][18][19][20][21][22][23] . As publicações que abordam o uso dos fonemas fricativos na área da voz são escassas, apesar de sua importância clínica. A utilização desses fonemas inicia-se na avaliação da voz, com as medidas de tempo máximo de fonação de /s/ e de /z/, e da relação s/z, e estende-se durante o processo de tratamento das disfonias, quando são utilizados como técnica de terapia [6][7][8][9][10][11][12][13][14] . Com base no que foi exposto, o objetivo principal deste artigo é propor uma revisão da literatura pertinente às características acústicas, fonéticas e fonológicas dos fonemas fricativos surdos que integram o sistema fon...