RESUMO -A seca é a causa mais severa da redução da produção agrícola e o aquecimento global previsto agravará, consideravelmente, o impacto do déficit hídrico. Alterações climáticas e custos elevados da irrigação são outros fatores que podem afetar ainda mais os problemas ocasionados pela deficiência hídrica, aumentando a necessidade de melhoramento genético para tolerância à seca em milho. A estratégia mais efetiva é a obtenção de cultivares tolerantes que possam escapar do estresse hídrico durante os períodos mais críticos da cultura, com a seleção de germoplasma que possua variabilidade genética para os caracteres adaptativos relacionados à seca. A demanda por cultivares de milho é grande por parte dos agricultores e o mercado disponibiliza poucas cultivares que sejam adaptadas, tolerantes à seca e de alta produtividade. Um programa de Melhoramento Genético para tolerância à seca é um trabalho de médio a longo prazo, difícil por se tratar de um caráter complexo, controlado por vários genes, com grande influência do ambiente, requerendo conhecimentos multidisciplinares e um sistema confiável de experimentação de campo. Com esse enfoque, este artigo apresenta uma revisão de tópicos sobre estratégias de melhoramento para tolerância à seca, principais caracteres e métodos de melhoramento genético utilizados, bem como um histórico dos trabalhos para a obtenção de híbridos e populações de milho visando à tolerância ao déficit hídrico do Instituto Agronômico (IAC), em Campinas, SP. PALAVRAS-CHAVE -estresse, déficit hídrico, seleção
I. INTRODUÇÃOA seca e a disponibilidade de água no planeta já estão entre as principais preocupações das diversas lideranças mundiais, havendo indicações de que a água será um produto raro futuramente. Estudos relacionados com tolerância à seca são estratégicos para o país, pois esse é o estresse abiótico mais complexo e de maior efeito sobre as culturas, sendo considerado um dos fatores que mais limita a produção mundial de alimentos [21]. Na cultura do milho, não é diferente. A seca é um dos fatores que causa grandes prejuízo ao desenvolvimento e rendimento da planta, causando redução severa na produtividade de grãos, reduzindo até 100% na produtividade do milho. Segundo Barker et al.[23], a perda média anual de produtividade de milho causada pela seca é de aproximadamente 15% em regiões temperadas e 17% em regiões tropicais. Essa situação é ainda mais agravada quando o milho é semeado durante a segunda safra, pois fica sujeito a maior instabilidade climática com maior probabilidade de ocorrência de períodos de déficit hídrico, já que a safrinha abrange o final do período chuvoso [24]. Assim, a avaliação de genótipos sob déficit hídrico deve ser destaque em programas de melhoramento.Um Programa de Melhoramento Genético para Tolerância à Seca é um assunto de médio a longo prazo, é um trabalho difícil por se tratar de um caráter complexo, controlado por vários genes, com grande influência do ambiente, requerendo conhecimentos multidisciplinares e um sistema confiável de experimentação de c...