Branquitude e creche: inquietações de um pesquisador branco

Abstract

RESUMO O discurso da branquitude construiu o homem branco e adulto como modelo hegemônico da humanidade, representação do legado eurocêntrico. Os pressupostos apresentados neste ensaio trazem inquietações construídas a partir de uma pesquisa etnografia, desenvolvida com crianças de zero a três anos, em uma creche pública do estado de São Paulo, Brasil. Com base nas análises, destaco que a experiência foi marcada pela leitura social do meu corpo, possuidor de traços fenotípicos brancos, os quais foram lidos a partir das imagens racialmente propagadas pela branquitude, bem como se pode observar a conservação de privilégios às crianças brancas pequenininhas.

Impacto do racismo na saúde mental da criança negra: uma revisão de literatura / Impact of racism on the mental health of black children: a literature review

“…Já o imaginário social do menino negro está atrelado ao comportamento de malandro, bagunceiro e arteiro, em alguns casos, como foi descrito em um estudo de 2015, há uma introjeção e repetição dessas atitudes inadequadas. 9,13 Essa hipérbole é um estudo, que identificou que não há associação direta entre o comportamento indisciplinado e a cor da pele na visão dos docentes. 18 Na visão desses profissionais, a associação era mais forte entre o sexo da criança.…”

“…8 O espaço escolar pode representar as questões culturais associadas ao racismo. 9 É perceptível tal afirmação uma vez que o branqueamento foi evidenciado pelas representações estéticas das ilustrações apresentadas às crianças por meio de histórias e ilustrações afixadas na escola, nas quais crianças negras (pretas e pardas) eram associadas ao mau comportamento (infringir as regras). Entretanto, é importante compreender que, segundo o autor, a branquitude é um lugar ou posição forjado historicamente para a manutenção de privilégios.…”

“…A imagem da masculinidade negra, que é vista como malandro, bagunceiro e arteiro era muito presente na construção imagética dos professores, pois as crianças negras eram mais repreendidas pelos profissionais que outros. 9 De tal maneira o comportamento dos educadores não somente buscava ensinar uma conduta adequada dentro dos padrões de sala de aula e da idade como também resgatava a repressão sofrida pelos negros no período colonial.…”

“…8 Contudo, no contexto do desenvolvimento infantil na escola, o racismo estrutural pode ser percebido no imaginário racializado dos profissionais de educação infantil, que percebem a criança negra, em especial o menino negro, como malandro, bagunceiro e arteiro. 9 Assim, creches e escolas de educação infantil como um ambiente com práticas racistas podem ser um fator que auxilia o adoecimento mental.…”

Só para não passar em branco: uma revisão narativa sobre a branquitude

“…Nesse período, é verificada a introdução da estética e dos parâmetros norteadores brancos na educação de crianças bem pequenas. Desde ali já são dadas as primeiras lições sobre qual o modelo a ser seguido, padrões de identidade específicos 39 .…”