“…Essa alta proporção de troca do hormonal injetável por um MAC menos eficaz, entre as mulheres em risco de engravidar, indica que a mulher pode não estar tendo pleno acesso a um MAC mais eficaz. Isso revela a existência de barreiras institucionais para aquisição de MAC reversíveis e irreversíveis considerados mais eficazes entre mulheres brasileiras, estando aí incluídos o DIU, a laqueadura e a vasectomia (Peres, 2012;Gonzaga et al, 2017 Estudos mostram que, apesar de a maior parte dos municípios brasileiros disponibilizarem o DIU nos serviços de atenção básica à saúde, inúmeras barreiras dificultam sua disponibilização, como, por exemplo, a adoção de condições desnecessárias para sua inserção, como prescrição médica, realização de exames supérfluos, restrição etária às mulheres com mais de 18 anos de idade, participação em grupos educativos, exclusividade do profissional médico para a sua inserção, dentre outras, sendo todas essas condições sem base em evidências científicas (Peres, 2012;Figueiredo, Castro, Kalckmann, 2014;Gonzaga et al, 2017 Isso é particularmente importante, uma vez que os LARC são os MAC reversíveis mais eficazes, com menor probabilidade de serem descontinuados e, claro de falhas, justamente por não dependerem de uma ação regular da mulher para a sua utilização (Grimes, 2009;Ferreira et al, 2014, Wildemeersch, Goldstuck, Jackers, 2017 (Chofakian, 2017). Uma explicação para isso é o possível dinamismo e a curta duração dos relacionamentos, típico de jovens que participaram daquela pesquisa, uma vez que o MAC é objeto de negociação a cada troca de parceria (Pirotta, Schor 2004;Manlove, Ryan, Franzetta, 2007;Borges et al, 2010, Chofackian, 2017 (Moreau et al, 2010).…”