Autoavaliação: Instrumento Para Reflexão Do Processo De Trabalho Nas Equipes De Saúde Da Família

Abstract

Este estudo teve como objetivo analisar como a autovaliação desenvolvida pelo PMAQ pode contribuir na organização do processo de trabalho das equipes na perspectiva da integralidade da atenção. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou a entrevista coletiva e os resultados do questionário AMAQ - instrumento de “Autoavaliação para Melhoria do Acesso e Qualidade”, que compõe uma das fases do Programa de Melhoria ao Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ- AB) do Ministério da Saúde. Como resultado emergiu um núcleo de significado, Práticas de integralidade: dialogando com os resultados da autoavaliação AMAQ subdividida em três categorias: educação permanente e qualificação das equipes; organização do processo de trabalho; atenção integral à saúde. Identificou-se que a atenção integral desenvolvida pelos profissionais ainda é embrionária para organizar o processo de trabalho orientado pela integralidade, apresentando dificuldades: ausência de um programa de educação permanente e de um planejamento integrado; a adscrição do território limitada à atualização de cadastros, não integração entre os pontos da rede de atenção à saúde e contatos intersetoriais prejudicados pela burocracia. Como potencialidades, observou-se o acolhimento; visitas domiciliares programadas; desenvolvimento de ações preventivas e promocionais e acompanhamento de grupos de riscos que embora frágeis sinalizam mudanças para transição do modelo assistencial. A autoavaliação pelas equipes do município se apresentou como ferramenta dinamizadora na identificação de demandas para Educação Permanente e organização do processo de trabalho que possam subsidiar concepções e práticas profissionais na Atenção Básica sob a perspectiva da integralidade.

Auto avaliação das equipes de saúde da família a partir do programa nacional de melhoria do acesso e qualidade da atenção básica / Self-assessment of family health teams based on the national program to improve access and quality of basic care

“…No Ceará, uma pesquisa que buscou descrever o processo de autoavaliação através do AMAQ-AB no município, mostrou que a unidade de análise equipe de atenção básica foi classificada de modo geral como satisfatória 6 . Corroborando com isso, a classificação satisfatória também foi verificada no estudo, realizado no interior de Minas Gerais, que objetivou analisar a qualidade da AB a partir da autoavaliação das equipes de saúde 7 .…”

“…Um estudo realizado em um município da zona da mata de Minas Gerais com 33 profissionais de três ESF, com objetivo de analisar o processo de trabalho por meio do AMAQ-AB, percebeu-se as dificuldades com a sua organização. Foi identificada como fator contribuinte para isso a falta da EPS e de planejamento, acompanhamento e avaliação das ações pela equipe, além das dificuldades com a atualização cadastral da população adscrita 7 .…”

“…Uma pesquisa realizada em Minas Gerais, que analisou o AMAQ-AB em 75 equipes de saúde família, identificou que a atenção integral a saúde em sua maioria foi avaliada como insatisfatória e regular, fazendo com que a equipe refletisse sobre a importância e o desafio da concretização da integralidade na AB 17 . Assim como outro estudo que observou que a atenção integral desenvolvida pela equipe ainda é insuficiente devido a inúmeras dificuldades na prestação de serviço dentre elas a falta de um programa de EPS e de um planejamento integrado 7 .…”

“…A pesquisa que analisa a contribuição da autoavaliação no processo de trabalho, ainda destaca que a forma de cuidar desta população é mais complexa, fugindo da formação profissional das equipes 7 , necessitando então de aprimoramento de conhecimentos para abordagens eficazes.…”

Apropriação da educação permanente em central de regulação e o impacto para garantia de acesso aos serviços de saúde

“…Nota-se que ao caminhar no sentido da concepção bancária da educação, tendo sujeitos passivos e inertes ao processo de aprendizagem, há a apreensão de que os profissionais caracterizam a gestão como responsável por proporcionar a eles um modelo, situações e definições de processos educativos formais que ocorram dentro de um determinado padrão, infringindo consigo a capacidade de análise, intervenção e autonomia que os sujeitos poderiam estabelecer nos serviços (Santos et al, 2021). Vecchi, Campos & Farah (2017) corroboram com este pensamento ao trazer em seu estudo as falas dos participantes as quais demonstraram que a ausência de um programa de educação permanente contínuo traduz em iniciativa própria e individual para aperfeiçoamento de suas habilidades e resolução dos problemas encontrados no dia a dia laboral. Enfatiza ainda que, a não construção desse processo entre a equipe pode estar relacionada à expectativa de que este seja de responsabilidade da Secretaria de Saúde.…”