Atendimentos por condições sensíveis à atenção primária à saúde em uma unidade de pronto-atendimento: proposta de comunicação para coordenação do cuidado,

Abstract

Introdução: O estudo da Atenção Primária à Saúde (APS) tem promovido discussões a respeito da organização dos sistemas de saúde e como eles se comunicam, no Brasil e no mundo. A falta de coordenação da atenção à saúde é apontada como um dos principais obstáculos na instituição de melhorias no cuidado aos usuários. Uma vertente de avaliação da APS em diversos países tem utilizado a análise das internações por condições sensíveis à atenção primária (ICSAP), por meio de indicadores de sua efetividade. As taxas de ICSAP podem ser utilizadas como forma de avaliar o acesso, a cobertura, a qualidade e o desempenho da APS e, assim, pensar em melhorias na comunicação entre os serviços de saúde. Objetivos: Propor um fluxo de comunicação entre um serviço de urgência e emergência e a APS em uma região do município de São Paulo; identificar os pontos de fragilidade e potencialidade na comunicação entre os serviços de urgência e emergência e a Atenção Primária à Saúde a partir da análise das condições sensíveis à atenção primária (CSAP). Método: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, exploratório e retrospectivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA 24h) Campo Limpo a partir de dados secundários obtidos de um banco de dados, referente ao período de janeiro de 2015 a dezembro de 2016. As análises foram realizadas com o auxílio do pacote estatístico SPSS. O fluxograma de comunicação foi proposto a partir do sistema informatizado NISI-online. Resultados: O banco de dados foi composto por 434.883 atendimentos, no período de 2 anos, com prevalência de ICSAP de 17,1%. O sexo feminino foi o mais acometido pelas internações sensíveis e crianças de 1 a 4 anos apresentaram chance aumentada de atendimento por ICSAP. A maioria das ICSAP foi composta por infecções de ouvido, nariz e garganta (45,4%). Há evidências de aumento da chance de atendimento por ICSAP em pacientes crônicos (p< 0,001), com possibilidade estimada em torno de quatro vezes a dos pacientes não crônicos. A proposta de fluxograma de comunicação entre UPA e APS se deu a partir de pacientes com doenças crônicas (asma/bronquite, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e transtorno mental) com importância de intervenção junto à APS. Conclusão: A consolidação das Redes de Atenção à Saúde voltada para a coordenação do cuidado, por meio da utilização de abordagens que aproximem os diferentes pontos de atenção à saúde, constitui-se como instrumento importante na continuidade do cuidado aos pacientes crônicos com ICSAP.

Acesso a atenção primária à saúde por adolescentes internados em decorrência de condições sensíveis

“…Estudos nacionais corroboram com o fenômeno apresentado, reafirmando a cultura de que os usuários com condições sensíveis à APS preferem direcionar-se aos serviços de urgência e emergência justificando que a atenção primária apresenta pouca resolutividade e baixa qualidade na assistência prestada (Rodrigues & Santos, 2019;Lima et al, 2019). Com a preferência por esse serviço, encontra-se na literatura que muitas das condições sensíveis são identificadas na atenção secundária devido à percepção da inexistência da continuidade do cuidado na atenção primária, permitindo verificar que grande parte dos motivos que levam os usuários até esses serviços são de baixa complexidade (Lima et al, 2019).…”

“…Uma das estratégias para garantir o cuidado integral aos adolescentes é a consolidação da Atenção Primária à Saúde (APS) como porta de entrada e acesso qualificado para as necessidades desse grupo. Estudos demonstram que, quanto mais um sistema de saúde é orientado para a APS, melhores são os níveis de saúde da população e a satisfação dos usuários e menores são os gastos, o que gera sistemas mais efetivos, equitativos, eficientes e de maior qualidade (Lima, Nichiata, & Bonfim, 2019;Martins et al, 2019). No Brasil, a APS pode ser representada pela Estratégia Saúde da Família (ESF).…”

“…Pesquisa atual realizada no município de Campo Limpo, São Paulo, que buscou descrever os atendimentos por condições sensíveis à atenção primária em uma unidade de Research, Society and Development, v. 9, n. 10, e2429108363, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8363 pronto atendimento evidenciou que 12,2 % do público assistido encontravam-se na faixa etária dos 10 aos 19 anos de idade (Lima et al, 2019). Ademais, estudo realizado com adolescentes em Curitiba, Paraná, evidenciou que, quanto às internações por grupos de condições sensíveis à internação primária, as cinco principais causas foram: Infecção no rim e trato urinário (23,28%); Gastroenterites Infecciosas e complicações (18,96%); Epilepsias (14,91%); Doenças relacionadas ao pré-natal e parto (9,79%); e Asma (7,99%) com internações sensíveis à atenção primária (Freitas et al, 2018).…”

Tendências temporais de internações de crianças por condições sensíveis à atenção primária em Minas Gerais, Brasil

“…10 As altas taxas de ICSAP no público infantil desencadearam a formulação de políticas públicas com a finalidade de reduzir essas taxas e diminuir o coeficiente de mortalidade entre as crianças. 11 Desde a implantação da lista ICSAP, estudos sobre internações sensíveis em crianças vêm sendo realizados no país, e estratégias vêm sendo adotadas para garantir acesso e qualidade de assistência à saúde da criança. 12 Destaca-se uma lacuna quanto ao conhecimento de ICSAP em crianças em MG e a necessidade de reconhecimento de modo a favorecer o direcionamento de ações que atendam ao real problema, reduzindo internações, mortes e custos desnecessários.…”

Infecções relacionadas à assistência à saúde e internações por condições sensíveis à atenção primária: há alguma associação?

“…Estudos apontam que as readmissões e frequentes visitas aos serviços de urgência e emergência estão associadas à presença de múltiplas comorbidades, o que caracteriza certo grau de severidade da população que é hospitalizada. (BARDSLEY, 2013;LOW et al, 2016;TANG et al, 2014 (SOUZA et al, 2011;TORRES et al, 2011;BORGES et al, 2016;AFONSO et al, 2017;LIMA, NICHIATA, SANTOS et al, 2019;BONFIM et al, 2019. ) No entanto, não é possivel afirmar se esta diferenca é atribuível a população estudada ou ao fato de se tratar de um hospital referenciado.…”