Atendimento a Mulheres em Situação de Violência: A Experiência de Profissionais de um Creas

Abstract

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica que objetivou compreender a experiência de profissionais no atendimento a mulheres em situação de violência em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Foram realizados encontros dialógicos individuais com duas psicólogas e quatro assistentes sociais. Após cada encontro, a pesquisadora redigiu uma narrativa compreensiva e em seguida, elaborou uma narrativa síntese contendo os seguintes elementos significativos da experiência como um todo: (1) as participantes percebem que alguns profissionais da rede de atenção à mulher reproduzem atitudes preconceituosas que contribuem para a vitimização das usuárias; (2) em função de não se sentirem protagonistas na tomada de decisão por parte da instituição, sentem-se frustradas e impotentes; (3) elas desenvolvem atitudes de empatia e identificam-se com as histórias vividas pelas usuárias e (4) nos atendimentos às mulheres, sentem-se solitárias em função da rede de assistência não se mostrar efetiva na prática; ainda assim valorizam o trabalho que desenvolvem. Ressalta-se a importância de pesquisas que integrem dados sobre a experiência de profissionais, usuárias e dos autores de violência, nas instituições que compõem a rede de assistência à mulher possibilitando a superação dos problemas apontados e o aperfeiçoamento das políticas públicas.

Violência E Suas Implicações No Campo Da Saúde Mental Das Mulheres

“…Além disso, tornam-se perceptíveis através do estudo outros fatores como: a necessidade de profissionais refletirem sobre suas posturas (visando o acolhimento e evitando o perpetuamento da violência institucional); a valorização e qualificação da dimensão relacional entre profissionais e usuárias auxilia no protagonismo e autonomia destas; a rede intersetorial e a efetivação das políticas públicas precisam superar ações fragmentadas, permitindo a integralidade (Incerpe e Cury, 2020).…”

“…Diante disso, a partir da leitura dos artigos selecionados após critérios de inclusão e exclusão, tornou-se perceptível que a violência contra mulheres resulta em danos na saúde integral das mesmas, com impactos negativos no âmbito da saúde mental, sendo assim um problema social, jurídico e de saúde pública (Incerpe e Cury, 2020;Lourenço e Costa, 2020;Zancan e Habigzang, 2018;Trigueiro et al, 2017;Silva e Vagostello, 2017;Medeiros e Zanello, 2018). Isso aponta para a necessidade de ampliar as discussões teóricas, enriquecendo a prática de intervenções, uma vez que a literatura nos aponta algumas conquistas, mas também inúmeros desafios a serem superados.…”

“…É válido que as redes contemplem cuidado, acolhimento e acompanhamento integral, considerando a rede de apoio ampla e também profissional em perspectiva multiprofissional e interdisciplinar, investindo em qualificação e acesso aos serviços com humanização. Assim, se faz preciso evitar algo que infelizmente ainda acontece, a revitimização, portanto, construir redes de enfrentamento e fortalecimento, escuta ativa e emancipação é imprescindível (Incerpe e Cury, 2020;Souto e Castelar, 2020;Trentin et al, 2020;Cruz, Espíndula e Trindade, 2017;Trigueiro et al, 2017;Santos et al 2018;Medeiros e Zanello, 2018).…”

A carreira do profissional de Educação Física: um estudo fenomenológico

“…Em consonância com o método e com o referencial teórico Life Design, este estudo recorreu às Narrativas Compreensivas 36 enquanto instrumento de pesquisa, uma vez que sua aplicação vêm se consolidando em diversos trabalhos em diferentes contextos [37][38][39][40] . Seu processo consiste em: a) Estabelecimento de um encontro dialógico.…”

Fluxos De Atendimento Às Mulheres Em Situação De Violência Na Atenção Primária À Saúde

“…Diante do exposto, emergiu a questão norteadora do estudo: quais os fluxos de atendimento às mulheres em situação de violência na atenção primária à saúde? Assim, a relevância desta pesquisa se estabelece pela possibilidade de conhecer os aspectos relacionados à atuação das equipes da APS no contexto da RAMSV, uma vez que a violência contra mulheres constitui fenômeno que atinge número considerável de pessoas e famílias, gerando alta demanda intersetorial, além dos casos que permanecem subnotificados 8 . Dessa forma, objetivou-se analisar os fluxos de atendimento às mulheres em situação de violência na atenção primária à saúde.…”