INTRODUÇÃON ão é preciso ser um observador atento da política brasileira para perceber que ela é feita basicamente por homens brancos. Uma rápida mirada pelos noticiários jornalísticos já é capaz de indicar o quanto pretos e pardos estão alijados da representação e dos demais postos de poder. Os dados estatísticos, computados nas últimas eleições nacionais, confirmam essa impressão, haja vista que quase 80% dos deputados e deputadas eleitos no último pleito se declararam brancos (Campos e Machado, 2015a). É verdade, contudo, que subrepresentação política não é uma exclusividade dos pretos e pardos: a política brasileira não é apenas branca, mas também masculina. Porém, medidas que visam corrigir a sub-representação das mulheres nos legislativos, por exemplo, já estão na pauta de debate político há algum tempo, enquanto o mesmo não pode ser dito sobre os não brancos.Talvez por isto, tenha causado surpresa a proposta de cotas legislativas para negros, aventada no bojo da reforma política sugerida pela presi-