As Transformações Produtivas na Pós-graduação: O Prazer no Trabalho Docente Está Suspenso?

Abstract

Resumo O trabalho e a subjetividade do professor de pós-graduação se inscrevem em determinado contexto político-econômico configurado pela mundialização do capital, pela reforma do Estado e pela naturalização de formas de gestão e organização do trabalho orientadas pelos paradigmas objetivista, funcionalista e utilitarista. Nesse cenário, efetuam-se profundas reformas no papel desenvolvido pela universidade, que tende a se transformar em uma instituição gerencial, produtivista e mercantilizada. O docente vive, então, uma série de conflitos entre as exigências institucionais e sua subjetividade. Frente a isso, questionamos: o prazer no trabalho estaria colocado em suspenso? O sofrimento no trabalho encontraria possibilidades de, pela mediação do reconhecimento, se transmutar em prazer? A fim de examinarmos essa questão, foram levantados e analisados dados e documentos institucionais de uma universidade pública, a UNESP, e também aplicado um questionário a professores de dois programas de pós-graduação de elevada performance acadêmica. O aporte teórico pautou-se nas contribuições da psicodinâmica e da psicossociologia do trabalho. Apontamos que o prazer-sofrimento são elementos imbricados e que coexistem em todas as dimensões do trabalho do professor, ainda que determinadas atividades e relações gerem potencialmente maior prazer, e outras, maior sofrimento. A intensificação do trabalho, o desgaste frente às exigências de rotinização das tarefas e o significativo número de referências ao estresse e/ou adoecimento foram evidenciados. Mas há aspectos que ora se contrapõem, ora ofuscam esses indicadores de sofrimento. Conclui-se que, nesse jogo intrincado do par antitético prazer-sofrimento, ficam abertas várias possibilidades para as subjetividades docentes, que se situam entre o sofrimento patogênico e o sofrimento criativo.

Pleasure and suffering of professors in the post-graduation in nursing

“…Management as a source of suffering was also cited by professors from two post-graduate programs that integrate the area of Human Sciences. For these professors, administrative functions favor the accumulation of tasks and hinder the development of creative activities (5) , since this overload can occupy a time that would be destined for teaching and research.…”

“…Thus, it has been noticed in the reports that Post-Graduation is marked by games of power, competition, and symbolic disputes, revealing a diversity of factors that may or may not favor the professor´s psychic-emotional balance (5,7) . A similar result was observed in two other studies carried out with professors, in which participants showed conflicts and competitions as reasons for dissatisfaction in the work environment (10,13) .…”

“…The practice of research related to the dimension of professional satisfaction was pointed out in a research that approached the work and the subjectivity of the professor. This activity generates pleasure because it has an intellectual dimension that allows the mobilization of the creative and inventive dimension, allowing the confrontation of the challenges at work (5) .…”

“…Similar result was exposed by other researchers, who dedicated to analyze the pleasure and the suffering in the teaching work. It was noticed that there is a weak relationship between professors/professors and strengthened among professors/students, due to the recognition of the work produced (5) .…”

“…Despite the progress achieved, the current Post Graduation structure has negatively affected the teaching work and contributed to suffering experiences (4) . On the other hand, aspects that can be considered as empowering of pleasure are also observed (5) . Considering the duality presented, it was decided to base this study on the Work Psychodynamics theory (6) .…”