As multiplicidades rizomáticas do sujeito-surdo-social-plural no processo de letramento bilíngue

Abstract

Este é um estudo de caso atravessado por uma cartografia aqui apresentada como campo de forças e relações que nos faz refletir. Portanto, trata-se muito mais de agenciamentos sociais e científicos que transformaram modos de pensar do que propriamente de proposições a respeito de métodos adequados de como ensinar o Português para os surdos. Arriscaríamos dizer que este foi um trabalho auto formativo, que foi se desdobrando ao longo do tempo, mostrando-nos que precisamos dar continuidade ao processo de cartografar e “desemaranhar” as múltiplas linhas que enredam a teia histórica que separa surdos de ouvintes. Concluímos que as pessoas surdas também necessitam de metodologias diferenciadas que devem ser usadas por professores nas aulas, respeitando a sua singularidade linguística. Nem todos os surdos partem do mesmo ponto no ato de aprender e não dispõem dos mesmos recursos para isso. A análise desses registros nos permitiu observar a criação do ato de pensar. Sendo assim, este trabalho teve, também, a intenção de produzir cartografias possíveis desses processos através de registros manifestos do ato de pensar e, a partir disso, a construção das reflexões sobre o aprender que transcende o que se faz materialmente na sala de aula.

As bases biológicas da surdez

“…Esta deverá ser feita, começando a observar qual o grau e tipo de perda auditiva, em que idade a surdez começou, se já havia ou não alguma aquisição linguística prévia e se houve ou há algum atendimento especializado para este indivíduo, principalmente porque quanto maior for a perda auditiva maior também será o tempo que o aluno precisará de atendimento educacional especializado para total aquisição da língua portuguesa. No entanto, em nada isso prejudicará o desenvolvimento da língua de sinais, que é acessada com maior facilidade pelo indivíduo surdo, por possuir um canal visual mais treinado e até mesmo servirá como apoio ideal para a aquisição da língua portuguesa se for devidamente estimulada tanto na escola quanto em casa, se apropriando assim da aquisição da língua e de conceitos diversos (Esteves et al, 2020). Murdoch (2010) afirma que as áreas cerebrais que desenvolvem a língua ainda não estão definitivamente definidas.…”

Repensando as práticas pedagógicas a partir do letramento visual e da acessibilidade das pessoas com impedimento auditivo

“…A partir desse objetivo, foi realizada uma pesquisa exploratória de cunho bibliográfico narrativo, destacando: Oliveira (2006), Prado e Macedo (2016), Ferreira et al, (2020), Esteves et al, (2020), Quadros (1997; Quadros e Schmidt (2006); Quadros e Cruz (2011), dentre outros, com a intenção de pesquisar e analisar estudos anteriores e registros acadêmicos sobre o processo de letramento das pessoas com impedimento auditivo. A vantagem dessa opção metodológica, segundo Gil (2002), está na possibilidade de os pesquisadores terem acesso mais amplo ao tema abordado do que ele poderia pesquisar diretamente.…”

“…A partir de pesquisas como de: Fernández (1996), Ferreira et al (2020) e Esteves et al, (2020), as quais mencionam que o português escrito pode ser plenamente adquirido por discentes com impedimento auditivo, quando é utilizada uma metodologia adequada, ou seja, o ensino não deve ser baseado em métodos tradicionais de alfabetização que priorizam a relação fonema/grafema e privilegiam a identificação de sons para compreensão da escrita e da leitura. Fernandes (2003), Esteves et al, 2020e Ferreira et al, (2020 comprovam que a aquisição de leitura e escrita de discentes com impedimento auditivo deve acontecer por meio de experiências significativas que se estabeleçam por meio do uso da língua de sinais e trocas de informações visuais, considerando a utilização de recursos imagéticos e trocas visuais com o meio em que o discente participa. Para Taglieber (apud QUADROS, 1997):…”