O objetivo do texto é mostrar como Aristóteles, ao formular a primeira definição de prazer em franca contraposição à definição de Platão, coloca para si uma armadilha conceitual a ser superada com a formulação da segunda definição de prazer. A primeira definição de prazer - atividade desimpedida do estado natural e não um processo restaurador de um estado débil – arma a seguinte armadilha: se a eudaimonia também é uma atividade desimpedia do estado natural, o que impediria a inteira identificação desta com o prazer? Ocorre que Aristóteles não defende uma posição hedonista radical, apesar de ter argumentado dialeticamente que o prazer seria, de certo modo, o bem supremo. Posto o problema, mostraremos como a segunda definição de prazer - atividade acompanhante de outra atividade – é necessária para evitar um possível hedonismo radical suscitado pela primeira definição. Em sendo assim, ficará evidente o vínculo lógico entre os Tratados, contrariando a interpretação da maioria dos comentadores