As alianças estratégicas no picadeiro da arte/negócio circense

Abstract

O objetivo do artigo é estudar a contribuição das alianças para a longevidade das empresas, tendo como objeto um campo quase esquecido pela administração, as organizações circenses. A despeito de sua importância econômica e simbólica, tal setor é pouco estudado sob o ponto de vista de suas práticas gerenciais. Nesse sentido, o problema proposto para exame é identificar em que medida as unidades pesquisadas realizam alianças capazes de gerar benefícios competitivos. O foco de investigação são as parcerias com licenciadas de marcas ícones do entretenimento infantil nacional, como Patati Patatá, Galinha Pintadinha e Turma da Mônica. Como objetivo secundário, pretende-se gerar subsídios para pesquisas futuras acerca do circo, razão pela qual o referencial teórico sobre alianças organizacionais foi elaborado em uma perspectiva ampla, posição coerente com o estágio incipiente da produção científica no segmento. Metodologicamente, adotou-se uma abordagem qualitativa com base em entrevistas em três circos de grande porte, da Região Sudeste. As informações foram trabalhadas por meio da análise do discurso. Os casos estudados apontaram que as alianças são uma fonte de valor por proporcionarem ganhos de performance nas dimensões: econômica (redução de risco, maximização dos ativos e de receita), de diferenciação competitiva (oriunda da partilha de recursos), e de desenvolvimento de capacidade adaptativa, denotada pelo senso de oportunismo decorrente das parcerias. Outro achado relevante diz respeito à presença antiga das alianças no cotidiano dos circos. Também foram apontados caminhos para esforços acadêmicos posteriores sobre: 1. os modos de existência das organizações circenses; 2. a fluidez e extensão dos limites organizacionais; 3. a relação de subordinação e os jogos de poder entre as partes envolvidas, com destaque para o exame da ambivalência gerada pelas alianças, expressa pelo paradoxo da conquista de flexibilidade versus a restrição competitiva; 4. a influência dos laços sociais na escolha e na coordenação das alianças; 5. as relações contratuais na indústria circense; 6. o aprofundamento da identificação dos recursos compartilhados. Por fim, cabe pontuar que as constatações levantadas não podem ser generalizadas, dado o recorte da população investigada.

Circos brasileiros de lona, um campo em constante movimento e transformação simbólica

“…In a recent study, Quaresma Jr., Silva and Carrieri (2014) focused on circus strategies in which circuses establish formal and informal partnerships with the media products of the cultural industry in order to achieve economic gains and a competitive edge in the entertainment market. To a certain extent, these authors have confirmed what Oliveira and Cavedon (2013, p.156) had found concerning "the establishment of associative networks between circuses and companies, due to the existence of demand for artistic activities by the market.…”

The Wonderful, Magnanimous, Spectacular and Possible World of Traveling Circuses in Brazil

“…The use of such attractions in large and structured circuses occurs formally, under agreements that establish how the circus can use a given product from popular media (Quaresma, Silva, & Carrieri, 2014). In smaller circuses, however, the use of these attractions is done informally, with covers, without any license or right of authorship, as R067 ironically suggests.…”

Improvisação: Nem Jazz, Nem Teatro, Mas Metamorfose Itinerária

“…The itinerancy of the circuses surveyed in this study allows circus subjects to alter their plans along their respective trajectories and negotiate their reality, which is mediated by the other plans created by individuals or groups encountered along the way. Parker (2011), Quaresma, Silva, andCarrieri (2014) and Aguiar and Carrieri (2016) have demonstrated that without a fixed address or headquarters to which an organization may return, its management is metamorphosed based on power relations, land conditions, and legal impositions by municipal bodies, the lack of an audience, weather conditions, etc. Meanwhile, improvisation is based on the circus art tradition, that is, the know-how of those living and working in the circus and interacting with the most varied audiences.…”