O artigo analisa a dinâmica dos mercados de trabalho de cidades médias no Rio Grande do Sul a partir da confirmação dos primeiros casos de Coronavírus no Brasil e das primeiras ações governamentais visando o enfrentamento da crise decorrente da Pandemia. Tomando como referência empírica a dinâmica de admissões e de desligamentos nos mercados formais de trabalho de quatro cidades médias gaúchas, no período entre janeiro e maio de 2020, argumenta-se que para as pessoas que vivem do trabalho a experiência da pandemia intensificou a precarização do trabalho já vivenciada no País. Ainda que com algumas diferenças decorrentes das formas locais e regionais de organização da produção, durante a pandemia ocorreu uma diminuição da capacidade de oferta de empregos formais nos mercados de trabalho; e, ao mesmo tempo, as ações governamentais adotadas com o objetivo de “proteger os empregos” não impediram as demissões dos trabalhadores. O que se anuncia diante dessa realidade, num quadro de crise econômica e de políticas de “flexibilização do trabalho”, são mercados de trabalho ainda mais desregulamentados, não somente com a diminuição das relações formais de empregabilidade, mas, também, com o aumento de trabalhadores precarizados.