IntroduçãoA configuração de um grupo de economias emergentes como atores relevantes da cena internacional constitui um dos fenômenos mais marcantes da história econômica mundial recente. E o interesse desses países pelo continente africano contribui para sua atual transformação econômica e social, por meio da diversificação comercial, de investimentos e parcerias, bem como das novas modalidades de cooperação para o desenvolvimento. Tal transformação reflete, em grande medida, a normalização das relações pós-coloniais africanas, embora a influência dos parceiros tradicionais seja ainda relevante (AfDB et al. 2011). Se, por um lado, as economias emergentes se associam em função de suas performances econômicas e colaboram regularmente em fóruns políticos, por outro lado, suas estratégias de desenvolvimento e política externa são bastante distintas. Elas variam segundo os setores, tipos de bens comercializados, tecnologias subjacentes e modelos de financiamento utilizados (Bliss 2010).O Brasil, que no Pós-Guerra se beneficiava da "ajuda internacional", formula no fim dos anos 1960 um programa de comércio e cooperação com os países menos desenvolvidos. Tal programa fundava-se na ideia de que o sistema tradicional de ajuda havia esgotado grande parte dos seus paradigmas e que em razão de sua rigidez ideológica e mesmo operacional seria incapaz de responder aos desafios do desenvolvimento (Vaz e Inoue 2007