Afetividade, território e vulnerabilidade na relação pessoa-ambiente: um olhar ético político

Abstract

Resumo Este artigo objetiva dialogar os conceitos território e vulnerabilidade, a partir da categoria afetividade, fundamentados na Psicologia Ambiental e na psicologia social de base psicossocial e histórico-cultural, ao buscar uma compreensão dialética da inter-relação pessoa-ambiente. Como eixo de observação, investigação e análise, a afetividade subsidia uma perspectiva ética de transformação social, em territórios vulneráveis, como fio condutor de estratégias de enfrentamento e proposição de políticas de proteção a populações submetidas às desigualdades. Indicamos algumas intervenções oriundas de reflexões teórico-práticas que possibilitam compreender os afetos como potencializadores dos sujeitos, pela implicação destes com territórios e coletividades, rumo a processos emancipatórios humanos.

Narrativas de violência e saúde mental: experiências e territórios

“…Canguilhem (1978) Quanto à pouca adesão e, em situações posteriores, à ausência dos adultos nas ações propostas, uma série de análises críticas a estes contextos podem ser elencadas. Acentuamos que a causalidade dos resultados de um evento, aqui analisadas como a aderência dos adultos às ações, não são de causa única, não nos cabendo definir uma linha rígida de acontecimentos pregressos e posteriores, uma vez que, como já destacado, a fluidez do território, a variabilidade dos determinantes e a própria resposta individual aos macrodeterminantes não são de condição estática, mas sim dinâmica, o que torna estabelecer caminhos específicos uma reflexão não suficiente para descrever a realidade local (Feitosa et al, 2018). Contudo apesar da variação das respostas às exposições de agentes influentes, como os destacados acima, aplicar análises às possíveis causas se faz necessário a fim de visualizar um sentido norteador explicativo.…”

“…Tais limitações podem levar os sujeitos à passividade, não agindo criticamente nas transformações do território-realidade, reverberando então ações limitadoras pré-existentes. A falta de motivação para a busca de informações dos mais variados temas, a dificuldade em mudar a sua realidade pessoal-local devido a crenças prédefinidas e a ausência de poder político-social como força para manutenção e reivindicação de direitos são exemplos que podem ser elencados (Feitosa et al, 2018).…”

Contribuições Da Psicologia Ambiental Para Promoção De Saúde De Pessoas Em Situação De Rua

“…Entre as contribuições que a psicologia ambiental tem a oferecer para acrescentar conhecimentos que possibilitem que a atenção à saúde desta população seja mais humanizada e efetiva, destaca-se o mapeamento dos modos de uso e dos elementos arquitetônicos e naturais presentes no ambiente e, que podem aumentar seu bemestar, como exemplo os estudos de Furlani e Bomfim 25 e Feitosa, Sousa, Paz, Barreto e Bomfim 6 . A compreensão do arranjo espacial é bastante benéfica na proposição de estratégias mais adequadas a esta população e mapear o número de banheiros e bebedouros públicos, locais que disponibilizam alimentação e os próprios vínculos de afetividade se mostra bastante promissor.…”

Modelo de vulnerabilidade em saúde: esclarecimento conceitual na perspectiva do sujeito-social

“…(1) Após, começou-se a utilizar o conceito vulnerabilidade em saúde (VS) como referencial para as discussões realizadas no campo científico de diversas temáticas e com diferentes sentidos, cuja diversidade de aplicações se deve a algumas situações, em especial: à existência de diferentes orientações epistemológicas; à escolha de localidades geográficas para a análise do processo de vulnerabilidade; ao direcionamento para situações específicas. (2)(3)(4) O termo abrange ainda uma série de qualificações, cujas definições apresentam especificidades. Essas concepções são fomentadas em diversas áreas do conhecimento, trazendo em comum o fato de que a VS está sempre ocorrendo no território onde as pessoas vivem.…”

“…Essas concepções são fomentadas em diversas áreas do conhecimento, trazendo em comum o fato de que a VS está sempre ocorrendo no território onde as pessoas vivem. (3) Esse uso estendido do conceito direciona caminhos e perspectivas para ambiguidades e contradições, (1,4) requisitando definições novas ou complementares e reflexões acerca do conceito, que se revela amplo, complexo e subjetivo. (5) Em uma análise crítica dos referenciais de VS, percebeu-se que os quadros conceituais (4,6) mais utilizados não trazem definições dos elementos relacionados aos conceitos e subconceitos, fazendo-se necessário esclarecimento conceitual para contribuir para a construção do arcabouço teórico sobre o tema e para propiciar o desenvolvimento de um modelo conceitual para identificação, avaliação e intervenção nas situações de vulnerabilidade pelos profissionais de saúde.…”