O presente artigo problematiza a gestão escolar atual a partir do processo de democratização na década de 1980, explicitando como a concepção de democratização daquele período foi desconstruída na década de 1990 e como, hoje, início do século XXI, o modelo de gestão vigente não contempla a perspectiva de gestão democrática (conjunto de atividades que envolvem a participação, a descentralização, a autonomia e o poder local), mas um postulado de gestão compartilhada, a qual se sustenta pela hierarquização, pela participação tutelada, pelo controle verticalizado das decisões e pela automanutenção da escola. Para fundamentar essa perspectiva teórica, o artigo busca ainda, por um campo, verificar qual é o conceito historicamente criado em torno da democracia e no campo empírico, como na escola dirigentes escolares têm articulado um conceito e construído uma prática em torno de processos dito democratizadores. Marx assevera que a humanidade só apresenta problemas que é capaz de resolver, o que indica que o problema só surge quando as condições objetivas para a sua resolução ou já existiam ou estavam sendo construídas. Outro autor, contemporâneo de Marx, porém de correntes filosóficas e políticas distintas, mas ambos defensores dos preceitos de libertação do homem, Bakunin, por sua vez, afirma que ninguém pode querer destruir um projeto sem ter ao menos uma ideia remota, verdadeira ou falsa, da ordem das coisas que deveria suceder ao projeto em disputa.
PalavrasOs dois autores, com essas assertivas, mostram que a questão não está na aparência, mas em sua essência. Para compreendermos o problema temos que observar a essência do objeto e, assim, desvelarmos a sua aparência. É dessa forma que, ao compreender o problema, podemos construir projetos para a sua superação.Isto indica a necessidade de realizarmos a abstração do projeto atual e termos a concepção do que queremos superar, buscando algo para colocar em seu lugar. Isto faz parte do movimento histórico, no qual os homens e as mulheres se fazem sujeitos da história ou se sujeitam a ela, observando-a ou atuando para a sua transformação.