A superexploração do trabalho : polêmicas em torno do conceito na obra de Ruy Mauro Marini e a vigência na década de 2000

Abstract

The present thesis aims to discuss the superexploitation of labor, concept originally coined by Ruy Mauro Marini, focusing on two aspects. The first is the relationship with the Labor Theory of Value (LTV), which argue for the dilapidation of the value of the labor power as the essence of superexploitation and not the quantitative increase in the degree of exploitation or even the form of manifestation of non-equivalence between compensation and value of the workforce. We show that many of the criticisms come from a reading of LTV considering scoped only the equivalency. We approached a group of authors who have used the concept and they often have unfounded criticism, supported by misconceptions of superexploitation or in reading LTV centered on the equivalence. The second aspect of discussion of the superxploitation of labor is the analysis of the validity in the 2000s, the "Lula´s Age", which brought contradictory processes in market labor, revealing new forms of manifestation of superexploitation, which go predominantly to prejudice the total value of labor force, rather than the daily value of it. Such uniqueness allows the classification of "Lula´s Age" as a new historical stage of superexploitation in Brazil´s historical capitalist development.

Superexploração da força de trabalho, capitalismo dependente e agronegócio: um estudo da terceirização a partir da empresa Suzano Papel e Celulose em Três Lagoas/MS

“…Esse movimento, é também um equívoco, já que, mais uma vez, como aponta Druck (2011, p. 3), absolutiza-se o método de produção da e socioeconômico dos trabalhadores terceirizados, justamente numa economia que é uma das mais importantes da América Latina. 307 Isso não impede, no entanto, que possamos recorrer aos dados e informações como mediações que tragam elementos a serem abstraídos e usados na verificação dos efeitos da terceirização (BUENO, 2016). 308 Para Besson (1995, p. 49): "O fetichismo estatístico nasce da confusão do índice com a realidade.…”

“…A externalização das atividades para empresas ou pessoas na forma de terceirização representa a própria dinâmica que a grande empresa capitalista tem que assumir nas condições históricas do capital em seu novo padrão de reprodução materializado na especialização produtiva de commodities no município em questão. Nos territórios da economia dependente, a Suzano ganha potência expansionista ao recorrer à terceirização numa época (ou fase histórica) em que também tem sido crescente a expansão absoluta por trabalho precário e superexplorado (BUENO, 2016). Portanto, é o problema da superexploração dos terceirizados o "x" da questão, pois nele estão contidos os traços combinados que se manifestam, por exemplo, na baixa remuneração, elevação da intensidade do 380 Curiosamente, em 2020, a empresa teve a melhor atuação em inovação aberta e colaboração com startups no Corporate Startup Stars 2020.…”

“…522 Segundo Paiva, Souza e Cardoso (2021, p. 105): "Estratégica para a reprodução capitalista de tipo dependente, foi ainda mais acentuada a partir da programática dos anos 2000 -sob o codinome de neodesenvolvimentismo -a deslocar a terra e o trabalho a patamares de subordinação externa ainda mais profundos". Este mesmo período foi analisado por Bueno (2016) com enfoque para o trabalho superexplorado. O autor analisou a vigência da superexploração na década 2000, na chamada "Era Lula"; período que, segundo este autor, "trouxe processos contraditórios ao mercado de trabalho, revelando novas formas de manifestação da superexploração, as quais passam predominantemente a atentar contra o valor total da força de trabalho, ao invés do valor diário da mesma.…”

“…Como já indicamos, com base em Bueno (2016, p. 207), dentro do contexto de "mudança da forma de hegemonia imperialista, de expansão dos mercados financeiros e de forte crescimento da economia mundial com ascensão da economia chinesa" a partir da segunda metade da década de 2000, transformações afetaram "a trajetória cíclica da acumulação de capital no Brasil [...] por meio do preço internacional das commodities e do intenso afluxo de capitais internacionais" (Idem, ibidem) 523 é que se observa o movimento de territorialização do agronegócio de silvicultura em Três Lagoas, que já se acenava na década de 1970, mas que naquele momento não seguiu adiante. No entanto, esse processo de transformação, em escala nacional, foi contraditório (BUENO, 2016).…”

“…Segundo Luce (2018, nota 122 da página 187), trata-se de "um dos instrumentos favorecendo a superexploração da força de trabalho e que foi incorporado à legislação brasileira, desde o início do processo de flexibilidade das leis trabalhistas que tomou curso no pais, possibilitando aos patrões ampliar conforme sua conveniência as horas extras e 'compensá-las' mediante folgas no momento em que convier ao capital". Este quadro metodológico sobre os terceirizados, ainda que simples e em que pese todos os limites, contém elementos relevantes no que se refere à superexploração dos terceirizados e dão subsídios para avançarmos para outro elemento importante destacado Marini (2005a) e retomado por Bueno (2016): a negação aos trabalhadores terceirizados das condições necessárias para repor o desgaste da sua força de trabalho. Ou seja, a desvalorização pela dilapidação é decorrente de um desgaste acelerado da força de trabalho, nesse caso, a força de trabalho terceirizada.…”