A Recepção Da Epistemologia De Fleck Pela Pesquisa Em Educação Em Ciências No

Abstract

Este artigo apresenta um estudo que investigou a recepção da epistemologia de Ludwik Fleck pela pesquisa em Educação em Ciências. Foram analisadas teses e dissertações produzidas no período de 1995 a 2010, em programas nacionais de pós-graduação. Os dados apontam que na década de 1990 surgiram os primeiros estudos e que há uma concentração de trabalhos em instituições do Sul do Brasil, notadamente na UFSC, especialmente na área da Educação em Ciências, estando o maior volume de estudos concentrados nos eixos "emergência de um fato científico", "formação de professores" e "análise da produção acadêmica". Destaca-se a significativa contribuição das categorias epistemológicas "estilo de pensamento", "coletivo de pensamento" e "circulação intra e intercoletiva de ideias" no processo de produção do conhecimento.

O Uso De Elementos Da História E Filosofia Da Ciência (Hfc) Em Aulas De Física Em Uma Disciplina De Estágio Supervisionado: Alguns Resultados De Pesquisa

“…No contexto da pesquisa, as ideias de Fleck (2010) auxiliaram a compreender as interações (intracoletivas e intercoletivas), a partir, principalmente, dos conceitos de coletivos de pensamento e estilos de pensamento, que podem ter influenciado os licenciandos durante sua formação resultando no uso (ou não) de elementos da HFC, durante o estágio supervisionado. Há na literatura autores (e.g., Delizoicov, 1995;Delizoicov, Angotti & Pernambuco, 2002;Lambach & Marques, 2009;Lorenzetti, Muenchen & Slongo, 2013;Muenchen, 2010) que utilizam a epistemologia de Fleck, de modo particular no eixo formação de professores, que também é foco de nossa investigação, por explicitar o caráter sociológico da produção e disseminação do conhecimento; por apontar condições para a instauração de um estilo de pensamento, atribuindo importância à comunicação intra e intercoletiva no estabelecimento e transformação de um estilo de pensamento, no nosso caso o "estilo de pensamento de futuros professores de física". Fleck (2010) assume que o saber científico ultrapassa os limites individuais e se configura como um "coletivo de pensamento" e que sem esse condicionamento social o conhecimento não seria possível.…”

Escola De Física Cern: Uma Análise Do Discurso À Luz Da Epistemologia De Ludwik Fleck

“…A epistemologia fleckiana tem sido utilizada como aporte teórico para pesquisas brasileiras na área da educação em ciências desde a década de 1990 (Lorenzetti et al, 2013) e revisões de literatura como a de Lorenzetti et al (2018) e Souza & Martins (2021) sinalizam a pertinência do seu uso na área. Como exemplos, a teoria fleckiana tem sido empregada para analisar a prática docente e a formação de professores (Gonçalves et al, 2007); para explorar aspectos associados à comunicação e divulgação científicas (Nascimento, 2005;Nobre-Silva & Silva, 2020); para analisar a emergência de fatos científicos, como o uso da insulina em pacientes diabéticos (Heidrich & Delizoicov, 2009) ou na tentativa de Joule em substituir o motor a vapor pelo elétrico (Queirós et al, 2014;) e se articula com a era da pós-verdade (Martins, 2020a;Saito, 2020).…”

Cern Portuguese Language Teachers Program: A Discourse Analysis From the Point of View of Ludwik Fleck’s Epistemology

“…Fleckian epistemology has been used as a theoretical support for Brazilian research in science education since the 1990s (Lorenzetti et al, 2013) and literature reviews such as that of Lorenzetti et al (2018) and Souza & Martins (2021) indicate the relevance of its use in the area. As examples, Fleckian theory has been used to analyze teaching practice and teacher training (Gonçalves et al, 2007); to explore aspects associated with scientific communication and dissemination (Nascimento, 2005;Nobre-Silva & Silva, 2020); to analyze the emergence of scientific facts such as the use of insulin in diabetic patients (Heidrich & Delizoicov, 2009) or in Joule's attempt to replace the steam engine with the electric one (Queirós et al, 2014;) and articulated with the era of post-truth (Martins, 2020a;Saito, 2020).…”