Abstract:O estudo apresenta aspectos teóricos e práticos que envolvem o trabalho de estágio na clínica escola de um Curso de Psicologia em Santa Catarina. O desenvolvimento ocorre no campo da Psicologia clínica, a partir da perspectiva psicanalítica, visando contribuir para discussões e reflexões críticas sobre esse universo. Tem por objetivo principal apresentar os fenômenos do campo do tratamento psicanalítico, abrangendo a sequência do trabalho da clínica com adultos, na particularidade da intervenção no contexto da… Show more
“…No exercício dos atendimentos clínicos os estudantes vivenciam também as repercussões das dimensões teóricas e práticas (Silva et al, 2017) e o olhar sobre as emoções emerge como um atributo descontextualizado (Andrade et al, 2016), dependendo da abordagem psicanalítica (Kern & Luz, 2017). Por outro lado, os entrevistados que nomearam as emoções percebidas em si mesmos demonstram dificuldades para discernir entre as vivências emocionais inerentes a eles ou aos pacientes, conforme ilustram as seguintes vinhetas: "Às vezes eu fico, sinto raiva, que daí às vezes eu não sei se é raiva do paciente ou se, se ele tá com raiva e tá transmitindo aquilo pra mim, né ele passado assim" (E10).…”
Section: Percepção Das Próprias Emoçõesunclassified
“…Nos atendimentos clínicos realizados nos serviços-escolas o aluno se defronta com o início de seu desenvolvimento profissional, e considerando-se o enfoque psicanalítico uma das modalidades de atendimento, será neste contexto que o futuro psicólogo poderá exercer na prática uma parte de sua formação a qual, no âmbito acadêmico, diferencia-se da psicanálise clássica freudiana e da formação nas instituições ou sociedades psicanalíticas (Kern & Luz, 2017). Estas últimas privilegiam o tripé psicanalítico, caracterizado pela análise pessoal, estudo teórico e prática supervisionada por um psicanalista (Brandt, 2017;Kern & Luz, 2017;Silva et al, 2017). Embora os dois últimos aspectos mencionados estejam incluídos nas atividades curriculares, a psicoterapia pessoal não se constitui como um atributo obrigatório (Pereira & Kessler, 2016;Lopes & De Castro, 2018;Silva et al, 2017).…”
Os atendimentos clínicos realizados nos serviços-escolas são permeados por uma série de experiências emocionais vivenciadas pela díade psicoterapeuta-aprendiz/paciente. Diante das diversas nuances da clínica psicanalítica, o psicoterapeuta-aprendiz vivencia experiências que refletem em sua subjetividade. Este estudo teve como objetivo investigar as vivências emocionais dos estudantes de graduação em psicologia durante os estágios em clínica psicanalítica e analisar as emoções percebidas em si mesmos pelos psicoterapeutas-aprendizes nos atendimentos em psicoterapia psicanalítica. Trata-se de um estudo clínico-qualitativo, utilizando-se o referencial teórico psicanalítico. Participaram 27 estudantes de psicologia, que realizavam atendimentos nos serviços-escolas de quatro Instituições de Ensino Superior. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semidirigidas, as quais foram submetidas à análise de conteúdo. Nos resultados observou-se a presença das vivências de ansiedade, medo, insegurança e nervosismo, presentes no processo psicoterapêutico. A identificação com as vivências emocionais dos pacientes e as dúvidas referentes à percepção das próprias emoções, foram importantes aspectos encontrados neste estudo. Tais resultados podem contribuir para a reflexão sobre a vivência desta experiência para o psicoterapeuta-aprendiz, a fim de melhor prepará-lo para os desafios da prática clínica psicanalítica.
“…No exercício dos atendimentos clínicos os estudantes vivenciam também as repercussões das dimensões teóricas e práticas (Silva et al, 2017) e o olhar sobre as emoções emerge como um atributo descontextualizado (Andrade et al, 2016), dependendo da abordagem psicanalítica (Kern & Luz, 2017). Por outro lado, os entrevistados que nomearam as emoções percebidas em si mesmos demonstram dificuldades para discernir entre as vivências emocionais inerentes a eles ou aos pacientes, conforme ilustram as seguintes vinhetas: "Às vezes eu fico, sinto raiva, que daí às vezes eu não sei se é raiva do paciente ou se, se ele tá com raiva e tá transmitindo aquilo pra mim, né ele passado assim" (E10).…”
Section: Percepção Das Próprias Emoçõesunclassified
“…Nos atendimentos clínicos realizados nos serviços-escolas o aluno se defronta com o início de seu desenvolvimento profissional, e considerando-se o enfoque psicanalítico uma das modalidades de atendimento, será neste contexto que o futuro psicólogo poderá exercer na prática uma parte de sua formação a qual, no âmbito acadêmico, diferencia-se da psicanálise clássica freudiana e da formação nas instituições ou sociedades psicanalíticas (Kern & Luz, 2017). Estas últimas privilegiam o tripé psicanalítico, caracterizado pela análise pessoal, estudo teórico e prática supervisionada por um psicanalista (Brandt, 2017;Kern & Luz, 2017;Silva et al, 2017). Embora os dois últimos aspectos mencionados estejam incluídos nas atividades curriculares, a psicoterapia pessoal não se constitui como um atributo obrigatório (Pereira & Kessler, 2016;Lopes & De Castro, 2018;Silva et al, 2017).…”
Os atendimentos clínicos realizados nos serviços-escolas são permeados por uma série de experiências emocionais vivenciadas pela díade psicoterapeuta-aprendiz/paciente. Diante das diversas nuances da clínica psicanalítica, o psicoterapeuta-aprendiz vivencia experiências que refletem em sua subjetividade. Este estudo teve como objetivo investigar as vivências emocionais dos estudantes de graduação em psicologia durante os estágios em clínica psicanalítica e analisar as emoções percebidas em si mesmos pelos psicoterapeutas-aprendizes nos atendimentos em psicoterapia psicanalítica. Trata-se de um estudo clínico-qualitativo, utilizando-se o referencial teórico psicanalítico. Participaram 27 estudantes de psicologia, que realizavam atendimentos nos serviços-escolas de quatro Instituições de Ensino Superior. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semidirigidas, as quais foram submetidas à análise de conteúdo. Nos resultados observou-se a presença das vivências de ansiedade, medo, insegurança e nervosismo, presentes no processo psicoterapêutico. A identificação com as vivências emocionais dos pacientes e as dúvidas referentes à percepção das próprias emoções, foram importantes aspectos encontrados neste estudo. Tais resultados podem contribuir para a reflexão sobre a vivência desta experiência para o psicoterapeuta-aprendiz, a fim de melhor prepará-lo para os desafios da prática clínica psicanalítica.
“…Assim sendo, é prudente que delimitemos a diferença da formação dos analistas nas Instituições ou Sociedades Psicanalíticas e dos psicoterapeutas psicanalíticos nos cursos de formação, daquela postulada pelas universidades brasileiras. As primeiras preconizam como elementos intrínsecos a análise pessoal, o estudo teórico e a supervisão da prática clínica por um psicanalista (Brandt, 2017;Godoy, 2016;Kern & Luz, 2017;Silva et al, 2017), máxima notória pelo tripé psicanalítico.…”
Section: A Formação Do Psicoterapeuta-aprendiz No Contexto Universitáunclassified
“…A retomada aos textos freudianos referentes à análise pessoal favorece as reflexões acerca da formação acadêmica do psicoterapeutaaprendiz na clínica psicanalítica. Embora o estudante de psicologia se beneficie pelo estudo teórico e pela supervisão no âmbito acadêmico (Kern & Luz, 2017), o momento da prática inaugura uma experiência que vai além de uma aprendizagem intelectual, formal, racional ou cognitiva, cujas repercussões revelam desdobramentos que se estendem para as experiências dos estudantes de formas singulares (Pereira & Kessler, 2016;Pinheiro & Maia, 2015).…”
Section: A Formação Do Psicoterapeuta-aprendiz No Contexto Universitáunclassified
Resumo A psicoterapia psicanalítica se constitui como uma das modalidades de atendimento clínico nos serviços-escolas. Desde Freud até a atualidade a psicanálise conquistou espaço nas universidades, não se restringindo mais às Sociedades Psicanalíticas. Temos como objetivo discorrer teoricamente sobre a formação acadêmica do psicoterapeuta-aprendiz nos estágios com enfoque psicanalítico nos serviços-escolas do Brasil. Observamos que a formação do psicólogo nos serviços-escolas estendeu-se para uma heterogeneidade de campos, englobando diferentes modalidades de atendimentos, possibilitando pesquisas em psicanálise e ampliações relativas aos aspectos teórico-metodológicos. Concluímos que a prática clínica sem dúvida já ocupa um espaço no âmbito acadêmico. Porém, há muito ainda a ser questionado, uma vez que as vicissitudes do trabalho com o inconsciente, em sua potencialidade, abrangem possibilidades e limitações. A constante reflexão acerca da dimensão ética que permeia a prática clínica nos serviços-escolas deve estar presente, norteando debates sobre a temática da formação acadêmica do psicoterapeuta-aprendiz em clínica psicanalítica.
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