A prática da visita domiciliária pelos profissionais da estratégia saúde da família

Abstract

RESUMOA Estratégia Saúde da Família (ESF) possui como uma de suas principais diretrizes a atenção à família, a qual pode ser efetivada por meio da visita domiciliária (VD). O objetivo do estudo foi analisar a prática da visita pelos profissionais das equipes de Saúde da Família. O estudo do tipo exploratório-descritivo de abordagem qualitativa foi realizado em cinco unidades de Saúde da Família da cidade de Várzea Grande, no Estado de Mato Grosso, contemplando catorze equipes. Os sujeitos do estudo foram médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e agentes comunitários de saúde. A coleta de dados foi efetivada por meio da técnica de grupo focal e os dados foram analisados utilizando-se a técnica de análise de conteúdo temática. Os resultados demonstraram que a prática da visita ainda tem sido realizada de forma fragmentada, sem a presença de toda a equipe, e focada no indivíduo doente. Observou-se que para a visita ser uma forma de atenção integral ao indivíduo e a família, conforme propõe a ESF, são necessárias mudanças na organização do processo de trabalho das equipes de Saúde da Família.Palavras-chave: Saúde da Família. Família. Visita Domiciliar. INTRODUÇÃOA atenção à família, como uma das diretrizes da Estratégia Saúde da Família (ESF), preconiza que a assistência seja centrada no núcleo familiar, entendido e percebido a partir de seu ambiente físico e social, pois isto possibilita às equipes uma compreensão ampliada do processo saúde-doença e da necessidade de intervenções que vão além de práticas curativas (1) . A família deve ser vista como uma unidade de cuidado singular diante das peculiaridades presentes em sua dinâmica, pois constituiu um núcleo essencial na manutenção da saúde e da vida de seus membros.A ESF propõe inovações na organização e dinâmica da atenção mediante o uso de tecnologias que permitam aos profissionais aproximarem-se das pessoas, famílias e comunidades, tendo por objetivo a prestação de assistência segundo as reais necessidades da população. Entre as formas utilizadas no trabalho das equipes de saúde da família encontra-se a prática sistemática das visitas domiciliárias (2).A Visita Domiciliária (VD) deve ser exercida junto ao indivíduo, à família e à comunidade.Ela se constitui em um conjunto de ações de saúde voltadas ao atendimento tanto educativo quanto assistencial, além de ser uma atividade utilizada com o intuito de subsidiar a intervenção no processo saúde-doença de indivíduos ou no planejamento de ações visando à promoção da saúde da coletividade (3) . Segundo a proposta da ESF, a VD deve se articular aos desafios que se colocam para esta estratégia, tendo as famílias, em seu contexto sociocultural de vida, como unidade central de atenção, abarcando suas diversas necessidades, com vista não só à prevenção da saúde e à recuperação e reabilitação de doenças, mas também à promoção da saúde (2) . Essa perspectiva assistencial requer um novo pensar e um novo fazer da equipe profissional, uma vez que o espaço domiciliar é uma dimensão de alta complexidade, e que para nele at...

<b>Práticas de cuidado de enfermeiros e agentes comunitários de saúde da estratégia saúde da família / Health practices of nurses and community health agents of the family health strategy

“…Ainda, visa atender as diferentes necessidades de saúde, preocupandose com a infraestrutura (habitação, higiene, saneamento, entre outros) existente nas comunidades, o ambiente sociocultural e o atendimento à saúde das famílias (16)(17) . Conforme os relatos dos participantes, foi possível definir a visita domiciliar como atividade tanto assistencial quanto educativa voltada para o cuidado.…”

A visita domiciliar do enfermeiro na atenção básica: uma proposta de prática emancipatória

“…* Há autores que utilizam a terminologia visita domiciliária (Cruz, Bourget, 2010;Egry, Fonseca, 2000;Gaíva, Siqueira, 2011;Lima, Silva, Bousso, 2010;Mandú et al, 2008;Mazza, 1994;Sossai, Pinto, 2010;Takahashi, Oliveira, 2001). No entanto, os que apresentam uma definição entre as diferenças de terminologia (Egry, Fonseca, 2000;Mandú et al, 2008;Sossai, Pinto, 2010), reafirmam a definição de Egry e Fonseca (2000).…”

“…Embora muitos estudos refiram a VD como instrumento de reconhecimento de necessidades de saúde (Cruz, Bourget, 2010;Eufrásio et al, 2010;Gaíva, Siqueira, 2011;Lopes, Saupe, Massaroli, 2008;Sakata et al, 2007;Santos, Morais, 2011;Sossai, Pinto, 2010;Valente et al, 2010), não foi encontrada, nos estudos analisados, a definição de necessidades de saúde, nem quais foram as necessidades reconhecidas nas VD.…”

“…Além de facilitar o acesso a técnicas de diagnóstico e tratamento, pode representar uma porta para o acesso a serviços de maior complexidade tecnológica (Albuquerque, Bosi, 2009;Mandú et al, 2008 Outro conjunto de trabalhos apresentou a VD da perspectiva dos profissionais de equipes da ESF (Borges, D'Oliveira, 2011;França, Pessoto, Gomes, 2006;Gaíva, Siqueira, 2011;Sakata et al, 2007;Santos, Morais, 2011;Sossai, Pinto, 2010). Estudo de França, Pessoto e Gomes (2006) descreveu que a concepção do enfermeiro sobre a VD esta associada a um instrumento para atendimento e orientação no domicílio, enquanto que para o médico e ACS representa, respectivamente, uma consulta clínica no domicílio e o monitoramento e orientações.…”

“…No entanto, o caráter mecanizado e fragmentado das práticas realizadas durante as VD tem dificultado o estabelecimento de vínculos (Gaíva, Siqueira, 2011;Santos, Morais, 2011), para que o profissional seja uma referência não apenas para o indivíduo, mas também para a população (Santos, Morais, 2011).…”