Introdução: A Saúde Coletiva articula múltiplas disciplinas, incluindo as Ciências Sociais, no intuito de proporcionar maior poder explicativo ao processo saúde-doença. Apesar da institucionalização da Enfermagem evidenciar profícua experiência na formação de doutores e de sua importante participação na produção do conhecimento, além da atuação no processo de produção dos serviços de saúde, ainda persistem lacunas no percurso reflexivo referente à apropriação da complexidade epistemológica do campo da Saúde Coletiva. Objetivos: Analisar a contribuição da produção acadêmica no âmbito do Doutorado em Enfermagem dos Programas de Pós-Graduação Senso Estrito em Enfermagem para a constituição do campo da Saúde Coletiva. Material e métodos: Trata-se de pesquisa documental, com base na hermenêutica dialética. A amostra foi composta por 87 teses de Doutorado de 15 programas de pós-graduação, no período 2011-2012. Após leitura compreensiva, o material empírico foi decomposto em temas que constituem o corpus dos objetos de estudo. A análise hermenêutica também compreendeu a identificação do marco teórico-referencial, sujeitos que constituíram as populações de estudo e locais de ocorrência. Resultados: Os oito temas encontrados foram: Práticas em saúde (26,4%), Avaliação das políticas e serviços de saúde (16,1%), Tecnologias em saúde (13,8%), Sentidos e representações vividos pelos usuários (12,6%), Informação em saúde (10,3%), Violência em saúde (8,1%), Saúde, ambiente e trabalho (8,1%), e Formação em saúde (4,6%). Os três primeiros temas concentraram 56,3% dos estudos. As práticas em saúde tiveram como foco o cotidiano do enfermeiro associado ou não à prática de outros profissionais de saúde. O tema Avaliação das políticas e serviços de saúde refere-se à produção de estudos sobre acesso das pessoas aos serviços de saúde em associação à operacionalização das redes de atenção e políticas de controle da tuberculose, DST/Aids, entre outras. O tema Tecnologias em saúde refere-se, substantivamente, ao desenvolvimento de manuais ou instrumentos para intervenção individual ou coletiva em espaços institucionais específicos, orientados a aprimorar principalmente as práticas à saúde da mulher e DST/Aids. Conclusões: Os temas encontrados contribuem majoritariamente na explicitação e na compreensão das ações de cuidado desenvolvidas no micro espaço das relações interpessoais do enfermeiro com os usuários e outros profissionais da saúde em prol do direito universal à saúde e em consonância ao projeto político do SUS. A predominância da Estratégia Saúde da Família como local de pesquisa confirma a iniciativa do governo federal em promover a reorganização das práticas na atenção primária em saúde. Ademais, a potência analítica dos estudos pode auxiliar a subárea acadêmica Enfermagem em Saúde Coletiva na elaboração de pesquisas com novos objetos e inovações teórico-metodológicas em correspondência às necessidades e problemas de saúde da população brasileira.