A organização do trabalho prisional e as vivências de prazer e sofrimento

Abstract

O trabalho do inspetor penitenciário é marcado por meios de trabalho precarizados, sobrecarga física e mental, convívio com situações de violência e estigmatização social, produzindo efeitos nos processos saúde-doença mental. Visando compreender esses processos, objetivou-se identificar relações entre vivência de sofrimento-prazer dos trabalhadores e organização do trabalho. Baseado na Psicodinâmica do Trabalho realizou-se 19 entrevistas semiestruturadas com inspetores penitenciários do Espírito Santo. Verificou-se que a gestão, baseada em duas formas de contrato e promoção mediante apadrinhamento, fragiliza o coletivo de trabalho e ativa a dessubjetivação, bloqueando a cooperação e o reconhecimento. Defesas como a ideologia defensiva contra o medo são partilhadas, contudo dificultam a atribuição de sentido consensual ao trabalho. Há indícios de que a vivência de prazer é possibilitada pela reapropriação do trabalho e mobilização de estratégias defensivas individuais. Melhorar esse quadro requer legitimar o saber-fazer do trabalhador, garantindo condições idênticas de trabalho a ambos os tipos de contrato.

Riscos ocupacionais e sua influência na saúde de policiais penais: uma revisão integrativa

“…Os artigos A1 14 e A4 17 evidenciam as condições trabalhistas precárias como um dos principais fatores de risco às condições de saúde dos policiais penais quando combinam, dentro e fora do cenário carcerário, um conjunto de inadequações que afeta emocionalmente esses profissionais, tais como, falta de reconhecimento profissional, falta de preparo dos novatos e servidores temporários, dificuldades materiais no ambiente de trabalho, sobrecarga de trabalho pela superlotação do número de apenados, fragilização dos laços coletivos e falta de amparo institucional quando necessário afastamento 14,17 .…”

“…Nessa perspectiva, três estudos constataram que as instalações físicas das penitenciárias normalmente encontram-se em situação de deterioração, o sistema de esgoto é precário, as fiações elétricas ficam expostas e o tamanho das salas de repouso não é adequado para a quantidade de profissionais, com ventilação e higiene DOI 10.21727/rs.v13i3.3042 comprometida 4,20,19 . No artigo A1 14 , foi evidenciado que a mobília, na maioria das vezes, é antiga e danificada; os materiais de serviço dos policiais encontram-se em condições inadequadas, e ocorre relatos, até mesmo, de intoxicação alimentar, justificada pelo risco de contaminação por meios de agentes biológicos 14 .…”

“…O sentimento de descontentamento dos policiais penais com sua profissão, citado no artigo A3 16 , certamente se aplica aos demais artigos pesquisados, visto que pode ser associado a outros sentimentos por eles relatados como de menos-valia, insegurança, desvalorização perante a sociedade, descrença com o próprio trabalho e sentimento de desamparo por parte da instituição [14][15][16][17] . Além disso, esses profissionais queixam-se de que, em geral, devido à desinformação ou desconfiança, à sociedade demonstra preconceito para com esses profissionais e com o próprio sistema prisional, o que se reflete em posturas e opiniões de repúdio, assim como pela associação que faz do caráter desse trabalhador com o caráter de periculosidade dos apenados.…”

“…O medo da morte faz parte do cotidiano dos profissionais dessa categoria, que relatam terem medo de sofrer ataques tanto no ambiente de trabalho quanto fora deles, mas também existe o medo pela falta de preparo dos novos profissionais e servidores temporários, pois o treinamento destes é visto como muito teórico e pouco prático, o que oferece risco para toda a equipe em momento de perigo, bem como causar enfraquecimento no coletivo de trabalho. Esse medo pode acarretar vários agravantes, como foi relatado por participantes das pesquisas, pois muitos sofrem com perturbação do sono, ansiedade, estresse, sofrimento psíquico, comportamentos com características compulsivas e fenômenos psicossomáticos [14][15][16][17] .…”

Use of auriculotherapy to control low back pain, anxiety and stress of professionals of the correctional system

“…This unhealthy lifestyle can trigger anxiety and stress. Researchers point out that the combination of these symptoms is also the result of interpersonal conflicts, inadequate working conditions, and bullying by managers/superiors 28 . Another intensifying factor is the limited knowledge about actions/behaviors to face the sources that generate suffering and pain, which requires social skills and interventions by the player directly and/or indirectly involved in the prison environment, specifically in terms of in loco health care compliance 29 .…”