A naturalização do assédio moral no jornalismo digital

Abstract

O artigo analisa a incidência de assédio moral nas redações de jornalismo digital com cobertura em tempo real. Baseado em entrevistas semiestruturadas com 15 repórteres que atuavam em veículos de comunicação brasileiros com sede no Estado de São Paulo, o estudo discute como a aceleração dos regimes de publicação produz consequências negativas à saúde dos profissionais. 12 dos 15 entrevistados relataram terem sido vítimas de assédio moral nas empresas em que trabalhavam. A pesquisa permite constatar que o encurtamento dos tempos de produção de notícia favorece a naturalização do assédio nas redações, frequentemente racionalizado pelos próprios entrevistados como efeito colateral da urgência da cobertura em tempo real. Por esta razão, reforça-se a importância de investigar as reestruturações no mercado jornalístico também a partir de seus impactos nas condições de trabalho e na saúde dos comunicadores.

Reciprocal journalism’s double-edged sword: How journalists resolve cognitive dissonance after experiencing harassment from audiences on social media

“…Journalist harassment limits stories journalists tell (Löfgren Nilsson & Örnebring, 2016; Posetti et al, 2021), and contributes to “mob censorship” (Waisbord, 2020), when repeated public attacks on social media inhibit and silence journalistic free speech. Media with shorter news cycles naturalize harassment more (Lelo, 2021), and as political elites fan the flames of distrust and delegitimization of media online (Carlson et al, 2020), understanding implications of harassment of journalists is critical.…”