Com base em uma análise qualitativa de entrevistas semiestruturadas realizadas com 15 repórteres que atuavam no Estado de São Paulo em 2016, este artigo conceitua um fenômeno recorrente nas trajetórias de jornalistas brasileiros e escassamente documentado pela literatura, a saber, o sofrimento ético. Tencionando duas chaves explicativas oferecidas pela sociologia do jornalismo que tomam relatos de infração aos códigos deontológicos como sintoma da inconsciência de classe entre os comunicadores ou como resultado das transformações nas organizações de mídia, este estudo recupera o arcabouço da economia política da comunicação para demonstrar a persistência histórica do sofrimento ético.
Resumo: Não obstante a escassez de pesquisas nacionais debruçadas em elucidar as desigualdades que incidem na trajetória de mulheres jornalistas em um cenário de reestruturação das empresas de comunicação e gradual feminização das redações, também chama atenção a ausência de sistematização das instâncias nas quais se expressam tais injustiças. Amparado na literatura internacional sobre jornalismo e gênero, em dados obtidos em estudos realizados na última década no Brasil, além de resultados de relatórios e surveys focados na apreensão das condições de trabalho das mulheres jornalistas, no presente artigo se pretende operacionalizar quatro vetores de análise das desigualdades que atingem as profissionais do setor: no campo da divisão sexual do trabalho, nas culturas organizacional e profissional, e no plano das rotinas produtivas.
Resumo O artigo propõe uma revisão crítica da literatura europeia em midiatização, especificamente a vertente socioconstrutivista. O objetivo é evidenciar que as pesquisas aglutinadas nessa corrente têm frequentemente desconsiderado as contradições que permeiam o fenômeno da midiatização por idealizarem as transformações socioculturais decorrentes dele. São recuperados os principais argumentos de autores que abordam o conceito em perspectiva micro, meso e metaprocessual, assinalando suas lacunas teórico-metodológicas e indicando outras chaves investigativas para apreender as ambivalências que atravessam as sociedades saturadas de mídia.
Resumo O objetivo deste artigo é escrutinar as críticas tecidas pelo filósofo estadunidense Patchen Markell aos autores situados no campo das teorias do reconhecimento, reconstruindo, por meio de seus questionamentos, as obras dos pesquisadores com os quais ele se propôs a dialogar, e indicando, por intermédio desse procedimento, inconsistências em suas problematizações, decorrentes do fato de Markell não ter avaliado adequadamente o percurso argumentativo adotado pelos autores. O estudo toma como eixo central a obra Bound by Recognition, publicada por Markell em 2003, e a análise permitiu, inclusive, apontar que, a despeito da contribuição oferecida pelo autor com a proposição de uma política do acknowledgment, tal projeto teórico não se delineia como a panaceia de incongruências associadas ao reconhecimento, mas se insere na mesma agenda das teorias que aventa questionar.
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado. Galaxia (São Paulo, online), ISSN 1982-2553, n. 36, set-dez., 2017, p. 146-158. http://dx.O que é ser espectador quando as imagens nos desafiam? 1 Thales Vilela Lelo Resumo: Inspirado pelas formulações de expoentes da teoria estética contemporânea acerca de uma política da imagem, este artigo se propõe a apreender os lugares atribuídos ao espectador quando imerso na tessitura de afetações que caracterizam seu contato com cenas que detêm uma potência sensível de implicação moral. Averiguando criticamente o pressuposto inerente às investidas no âmbito dos Estudos Culturais e de Mídia, de que há uma continuidade entre os conteúdos políticos de certas imagens e sua repercussão na esfera da recepção, será articulada uma defesa da "livre inatividade" do espectador na apreciação estética intensa, concebida como chave de uma redistribuição dos regimes de sensibilidade que configuram a repartição singular dos objetos da experiência comum. Palavras-chave: estética; política; imagem; espectador; alteridade.Abstract: What is being a spectator when images challenge us? -Inspired by the formulations of contemporary aesthetic theory exponents about image policy, this paper aims to apprehend the places allocated to the spectator when immersed in the fabric of affections that characterize his contact with scenes that hold a significant power of moral implication. Critically inquiring the assumption inherent in the recent developments in the context of Cultural and Media Studies, that there is a continuity between the political content of certain images and their impact on the reception reach, it will be articulated a defense regarding the "free inactivity" of the spectator in intense aesthetic appreciation, conceived as a key to a redistribution of sensibility regimes that shape the singular distribution of the common experience objects.
O artigo analisa a incidência de assédio moral nas redações de jornalismo digital com cobertura em tempo real. Baseado em entrevistas semiestruturadas com 15 repórteres que atuavam em veículos de comunicação brasileiros com sede no Estado de São Paulo, o estudo discute como a aceleração dos regimes de publicação produz consequências negativas à saúde dos profissionais. 12 dos 15 entrevistados relataram terem sido vítimas de assédio moral nas empresas em que trabalhavam. A pesquisa permite constatar que o encurtamento dos tempos de produção de notícia favorece a naturalização do assédio nas redações, frequentemente racionalizado pelos próprios entrevistados como efeito colateral da urgência da cobertura em tempo real. Por esta razão, reforça-se a importância de investigar as reestruturações no mercado jornalístico também a partir de seus impactos nas condições de trabalho e na saúde dos comunicadores.
Objetivamos discutir, nesse trabalho, o potencial crítico das narrativas sobre o período ditatorial no Brasil (1964-1985), recuperadas por meio de histórias recentes de atores envolvidos em acontecimentos até então não tematizados pelo jornalismo. Como norte metodológico, buscaremos apreender os dispositivos de enunciação e as formas de convocação do leitor nesse campo. A discussão de como esses dispositivos aparecem será apresentada por intermédio de duas entrevistas inéditas sobre essa época e por suas reverberações em diversos meios de comunicação. Acompanharemos aqui o esforço de uma vertente do jornalismo que não se abstém das conexões entre a experiência, a memória coletiva e a política, na trilha do contexto estabelecido por inúmeras Comissões da Verdade, apontando para uma visada crítica em seu modo de estabelecer contato com o público.
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