Resumo: Analisamos a correspondência entre Arthur Ramos e o antropólogo norte-americano Melville Herskovits durante o período de 1935 a 1949, época de sistematização dos estudos afro-americanos. As epístolas entre os dois intelectuais nos revelam um intenso intercâmbio de ideias envolvendo trocas de materiais bibliográficos, pesquisas e divulgação das produções dos estudiosos dos africanismos no Novo Mundo. As fontes mostram ainda as discussões comumente presentes nas correspondências em torno do racismo nas sociedades americanas. Nosso ponto central, portanto, é demonstrar como o envolvimento profissional e pessoal com Herskovits foi o mais importante ponto de inflexão do pensamento ramista em duas situações: quando sua obra secundariza a abordagem médico-psicanalítica para dar protagonismo à Antropologia Cultural, por volta de 1935; e, ao perceber a insuficiência das discussões acadêmicas no contexto da Segunda Guerra Mundial, volta-se à Antropologia Aplicada – que não estava no escopo de seu interlocutor de Northwestern, mas era efervescente em outras instituições americanas pelas quais passou. Palavras-chave: Circulação de ideias; Arthur Ramos; Melville Herskovits; Estudos Afro-Americanos; Estudos Afro-Brasileiros; Luta antirracista.