A partir dos pressupostos de que conceitualmente o lugar é o lócus da experiência humana e de que as identidades são forjadas por intermédio destas experiências, o artigo propõe dimensionar as identidades como uma quimera de lugares. O sentido metafórico da afirmação alude à figura da mitologia grega, que reunia partes de diversos animais em sua morfologia. Assim, nessa analogia, vemos as identidades como portadoras das experiências colhidas em diferentes lugares. Sustentam a reflexão proposta a dialética envolvendo a perpétua interação entre o homem e o meio, as fragmentações espaciais proporcionadas pelo deslocamento do homem no espaço e pelas heterotopias, e, por fim, a consideração do tempo como variável passiva da experiência. Concluímos que as identidades carregam experiências colhidas em lugares diferentes e, dada a excepcionalidade das escolhas humanas, salientamos que cada indivíduo carrega sua própria quimera.