Tempos para a Morte (2010)(2011) foi um espetáculo criado 1 pelo grupo brasileiro Usina do Trabalho do Ator (UTA) como performance apresentada em palco à italiana em Porto Alegre, sul do Brasil. Com uma hora e vinte e cinco minutos de duração, o espetáculo teve seus ensaios gravados -e posteriormente transcritos para a análise-de 5 de abril a 26 de outubro de 2010, dia do último ensaio antes de sua primeira apresentação.A UTA 2 foi criada em 1992, em Porto Alegre, e teve sua trajetória permeada por muitas influências e referenciais. Eliane Tejera Libôa, ao escrever sobre a identidade do grupo, fala que é possível identificarmos "[. . .] influências vindas de Stanislawski a Barba e Burnier, passando por Grotowski" (480), ressaltando ainda a importância dos referenciais da Antropologia Teatral para o grupo. Trata-se de um coletivo criado no momento em que a Antropologia Teatral era muito discutida no Brasil e o grupo tomou dessa alguns princípios de trabalho, sobretudo a noção de treinamento como um trabalho contínuo e independente da criação de espetáculos.De outro lado, Clóvis Dias Massa ressalta a antropofagia (e não a Antropologia Teatral) como uma característica presente nas montagens e processos do grupo, em que: "[. . .] é possível compreender a prática antropofágica do grupo como procedimento de transculturalidade, no sentido empregado por Alfonso de Toro (Villegas, 2010), pelo modo como o grupo constrói um campo de ação heterogênea não exatamente ao partir de uma cultura considerada externa, mas por refuncionalizar a ideia que se tem de uma cultura que se considera de base" (513). O autor alude, assim, uma característica marcante desse grupo: o fato de tomar elementos da cultura popular local, do sul do