A Experiência De Adolescentes Ao Visitar Um Museu De Ciência: Um Estudo No Museu Da Vida

Abstract

RESUMO: Neste estudo exploratório, de caráter qualitativo, objetivamos compreender a experiência de adolescentes em museus de ciência em visita fora do contexto escolar. Em particular, apresentamos a análise da visita de cinco grupos, entre 14 e 17 anos, de escolas públicas, à exposição “Passado e Presente - ciência, saúde e vida pública”, localizada no Castelo Mourisco do Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Os resultados indicam que, durante as visitas, esse público interagiu intensamente nas relações entre três elementos fundamentais no modelo teórico adotado: os módulos expositivos, os próprios visitantes e os mediadores. Esse dado, associado à análise de trechos específicos das visitas, sugere que, quando os adolescentes vão ao museu, eles podem vivenciar diversas experiências que permitem tornar esse espaço de aprendizagem não formal interessante, excitante e motivador, e, consequentemente, oferecer oportunidades de aprendizagem por livre escolha e de discussão sobre a ciência e temáticas que a tangenciam.

Interações Do Público Escolar Em Dois Diferentes Tipos De Museus De Ciências

“…Nos museus de segunda geração, todavia, a interatividade frequentemente se limitava ao acionamento de manivelas e botões, para a obtenção de respostas prontas, e guiavam o visitante por um roteiro acabado, planejado pela equipe técnica do museu (Cazelli et al, 1999;Marandino et al, 2009). O visitante poderia chegar à compreensão dos significados intencionalmente propostos a partir de princípios, conceitos e processos, que perpassavam os objetos e experimentos, por meio da interação com as exposições e com os pares, pelo diálogo e a reflexão (Marandino & Ianelli, 2007;Wagensberg, 2008, Massarani et al, 2019. Essa forma de pensar a educação museal vai ao encontro da noção construtivista apresentada por Hein (1998), Marandino e Ianelli (2007) e da aprendizagem proporcionada pelos museus de terceira geração (Cazelli et al,1999), centrados no sujeito, na organização de programas e de atividades que consideram os estudos de público.…”

“…Os museus, portanto, podem ser compreendidos como instituições múltiplas, dinâmicas, permeáveis ao entorno, as quais são organizadas a partir de agentes diversos que compõem um ambiente interdisciplinar, marcado por conflitos (Valente, 2009, p. 33). Além disso, o público ao interagir entre si, com os objetos e os mediadores, reelabora e recria os sentidos compondo um discurso próprio (Massarani et al, 2019).…”

“…A partir dessa investigação, defendem que o museu seja um espaço de circulação de discursos polêmicos e lúdicos, possibilitando a polissemia, a produção de múltiplos sentidos para os objetos pelos visitantes. Massarani et al (2019) gravaram em vídeo as interações e conversas de 16 adolescentes, de 14 a Os sujeitos da pesquisa são compreendidos por mediadores e visitantes. Os mediadores incluem curadores, guias e monitores.…”

“…No entanto, esta aparece atrás de outras motivações, como "despertar a curiosidade do visitante", "ser o mais didático possível" e "transmitir confiança e segurança" (Carletti, 2016, p. 68). Massarani et al (2019) também apontam as atividades de apoio realizadas pelos mediadores aos visitantes, mas este também não foi o principal tipo de interação por eles observados. Por alguma razão, parece haver um deslocamento da prioridade dos mediadores no museu desta pesquisa.…”

“…Os museus de Ciências podem preservar objetos e também concepções, produzindo um determinado ordenamento sobre a realidade com uma cultura própria e uma forma peculiar de representar as relações sociais e as práticas culturais (Valente, 2009). São lugares em que a cultura e o conhecimento científico são recontextualizados (Massarani et al 2019), configurando-se como espaços privilegiados de divulgação científica. E, de acordo com as relações de poder e a correlação de forças políticas de cada contexto histórico, podem se converter em espaços de prestígio, servir a estratégias de propaganda e ainda despertar vocações com a meta de formar quadros técnico-científicos (Valente, 2009).…”