“…O cinzento também se dissemina, neblinoso, nas páginas da ficção, lacerante nas vozes de narradores cujas letras não bastam para expurgar o passado ou comunicá-lo ao próximo: "Um sentimento turvo que nada parece apaziguar, pois não é nem a contrição do arrependido, nem o mergulho nas águas tépidas da autocomiseração." 15 Em sua leitura de Infância, Bosi medita nas inflexões do autor ao descrever a paisagem, ora firme no claro do realismo solar, ora inseguro nas nuvens do realismo vigilante; e ao descrever os entes da família, cerceado pela educação bárbara, erra no labirinto do realismo febril: "A condição de impotência em face do outro beira o absurdo e estará na raiz da reiterada expressão de perplexidade do narrador que se diz incapaz de encontrar sentido nas ações alheias e, às vezes, nas próprias." 16 Essas categorias, e o movimento que as enfeixa no corpo de cada obra, valem para pensar a prosa inteira de Graciliano Ramos.…”