1995
DOI: 10.1590/s0103-40141995000100020
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A escrita do testemunho em Memórias do Cárcere

Abstract: Vivíamos num ambiente de fantasmagorias (Mémorias do cárcere, II, cap. 20) * Este e os dois textos seguintes foram apresentados na mesa-redonda Graciliano Ramos: memória e história, realizada no anfiteatro do Departamento de História da FFLCH-USP, em 22 de outubro de 1992. A sessão, organizada pelo Instituto de Estudos Avançados e pelo Instituto de Estudos Brasileiros, da USP, contou com a participação dos professores Alfredo Bosi, Boris Schnaiderman, Jacob Gorender e Jorge Coli, e a coordenação do professor Z… Show more

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“…Desse modo, podemos dizer que nas Memórias do cárcere a reconstituição do período de conflitos e sofrimento em que o país vivia sob o chamado "estado de guerra" (RAMOS, 2008a, p. 396) se realiza também como uma forma de reflexão sobre o 50 Cf. BASTOS, 1998;BOSI, 2002;MIRANDA, 1992;SANTIAGO, 1981. permanente -e às vezes insuspeito -Estado policial em que se transformou o Brasil naqueles anos posteriores à vitória dos Aliados. Ao recompor em detalhes a perseguição do passado, Graciliano chama a atenção para a realidade que o circundava no momento em que eram escritas as páginas que irão formar as Memórias do cárcere.…”
Section: Estado De Exceçãounclassified
“…Desse modo, podemos dizer que nas Memórias do cárcere a reconstituição do período de conflitos e sofrimento em que o país vivia sob o chamado "estado de guerra" (RAMOS, 2008a, p. 396) se realiza também como uma forma de reflexão sobre o 50 Cf. BASTOS, 1998;BOSI, 2002;MIRANDA, 1992;SANTIAGO, 1981. permanente -e às vezes insuspeito -Estado policial em que se transformou o Brasil naqueles anos posteriores à vitória dos Aliados. Ao recompor em detalhes a perseguição do passado, Graciliano chama a atenção para a realidade que o circundava no momento em que eram escritas as páginas que irão formar as Memórias do cárcere.…”
Section: Estado De Exceçãounclassified
“…O cinzento também se dissemina, neblinoso, nas páginas da ficção, lacerante nas vozes de narradores cujas letras não bastam para expurgar o passado ou comunicá-lo ao próximo: "Um sentimento turvo que nada parece apaziguar, pois não é nem a contrição do arrependido, nem o mergulho nas águas tépidas da autocomiseração." 15 Em sua leitura de Infância, Bosi medita nas inflexões do autor ao descrever a paisagem, ora firme no claro do realismo solar, ora inseguro nas nuvens do realismo vigilante; e ao descrever os entes da família, cerceado pela educação bárbara, erra no labirinto do realismo febril: "A condição de impotência em face do outro beira o absurdo e estará na raiz da reiterada expressão de perplexidade do narrador que se diz incapaz de encontrar sentido nas ações alheias e, às vezes, nas próprias." 16 Essas categorias, e o movimento que as enfeixa no corpo de cada obra, valem para pensar a prosa inteira de Graciliano Ramos.…”
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“…Um terceiro foco reside na análise da narrativa, no registro literário propriamente dito. Há, assim, importantes análises sobre testemunhos não religiosos, como a de Bosi (1995) sobre Memórias do Cárcere, a de Seligmann-Silva (2009) sobre Grande Sertão: Veredas ou a de Alós (2009) sobre um livro da guatemalteca Rigoberta Menchú comparado ao Quarto de despejo da brasileira Carolina Maria de Jesus. A análise textual permite, ainda, a rica discussão -relevante para todos os contextos em que o testemunho aparece -sobre a fronteira entre realidade e ficção, como bem observaram Heinich (1998) e Pudal (1994).…”
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