“…Parece determinar inclusive os caminhos que escolhe trilhar profissionalmente. Ao passo que em 2012 a professora procurava por uma identidade profissional, seus movimentos são agora para a procura de uma profissionalização no interior dessa identidade, sem se desconectar de seus preceitos éticos e de uma base emocional forte.Suas realizações profissionais vêm do sucesso ao lidar com as dificuldades que emergem das aulas como, por exemplo, a nota azul (a nota acima de 5,0 pontos, contrapondo a nota vermelha que significa a necessidade de recuperação ou reprova), de uma aluna com necessidades educacionais especiais ou uma experiência de laboratório bem desenvolvida pela classe.Professores costumam referenciar emoções positivas na sua relação com os alunos em situação de ensino, geralmente ligadas ao entusiasmo e ao envolvimento(FREIRE et al, 2012), mas são raros os trabalhos que tratam do início da carreira docente que propõe a discussão sobre os sucessos e realizações desses profissionais.Descrevendo três casos de sucesso no processo de socialização de professores de Ciências e Matemática,Ponte et al (2001) discorrem sobre a importância da autoestima, a confiança em seus saberes, as boas relações com os outros atores sociais e os bons resultados dos trabalhos realizados com os alunos para o favorecimento desse sentimento.Se por um lado Ana sorri ao se perceber alcançando os objetivos dados a ela, por outro entende que o que deve cercear as suas reflexões são os fracassos que observa e diagnostica em seus alunos, considerando inclusive que esses fracassos são total consequência de sua prática.Marcelo (2009) denomina esse movimento de hiper-responsabilização do docente por tudo o que ocorre em sua sala de aula e localiza como sendo esse um das características do isolamento do docente em sala de aula.É nesse ambientea sala de aula -e sobre seus alunos que está a razão de suas mobilizações, sejam elas simples, como escolher e mudar a ordem dos conteúdos apresentados no currículo ou no caderno do aluno, ou mais complexas, como a percepção de suas próprias deficiências ao não saber, por exemplo, identificar numa avaliação as dificuldades e lacunas dos estudantes. Aí surgem os questionamentos de onde errou ou do que poderia mudar.…”