RESUMOO estudo tem por objetivo analisar as concepções das enfermeiras sobre a assistência nas Unidades Básicas de Saúde ao usuário vítima de violência, destacando os instrumentos necessários e as dificuldades para a realização da atenção. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas com enfermeiras. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temático para o tratamento dos dados. Os resultados indicam que as Unidades Básicas de Saúde possuem importante papel na assistência e na prevenção da violência. As estratégias para o enfrentamento das situações de violência dizem respeito a empatia, disponibilidade pessoal, atenção e escuta dos sinais e sintomas apresentados pelas vítimas. O tempo do atendimento e as experiências pessoais e de trabalho em equipe são destacados como fundamentais para a detecção precoce dos casos. Os resultados fornecem subsídios para a qualificação dos processos de trabalho, visando à integralidade do cuidado na atenção às vítimas de violência.Palavras-chave: Causas externas. Violência. Serviços básicos de saúde. Sistema Único de Saúde. Ação intersetorial.
INTRODUÇÃOAs violências têm provocado forte impacto na morbidade e na mortalidade da população e são consideradas um problema de saúde pública, pelo elevado número de vítimas que atingem e pelos impactos sociais, econômicos e pessoais que provocam (1)(2)(3) , situando-se entre as principais causas de morte de pessoas na faixa etária de 15 a 44 anos (4) . As violências fazem parte das causas externas, ditas intencionais, que são: agressões interpessoais, lesões autoprovocadas, negligência e maus-tratos com crianças e idosos (3,5) . A violência é, antes de tudo, uma questão social, portanto, em si, não é objeto próprio do setor saúde. Ela se torna um tema desse campo pelo impacto que provoca na qualidade de vida, pelas lesões físicas, psíquicas e morais que acarreta e pelas exigências de atenção e cuidados dos serviços médico-hospitalares. Também, pela concepção ampliada de saúde, a violência é objeto da intersetorialidade, na qual se integra o campo médico-social (6) . O estudo da violência teve um forte enfoque no campo social até que, na década de 1980, passou a ser estudado na área da saúde, devido ao grande impacto na morbimortalidade, deixando de ser visto como tema apenas do espaço privado para tornar-se, também, da esfera pública (4,7) . Assim sendo, os serviços de saúde têm alocado mais recursos materiais (equipamentos, medicamentos, exames, transporte, leitos de internação) e humanos para o atendimento das