2004
DOI: 10.1590/s0103-20702004000100012
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A burla do gênero: Cacilda Becker, a Mary Stuart de Pirassununga

Abstract: Um dos domínios sociais e simbólicos mais intrigantes na circunscrição das relações de gênero diz respeito às conexões entre corpo, marca, nome e renome. De acordo com a literatura antropológica disponível sobre o assunto, o processo de renomeação, quase sempre associado a situações rituais, é um dos marcadores sociais por excelência da aquisição de prestígio e de status nas sociedades não ocidentais. Marcados nos corpos, esses ritos sinalizam, sobretudo para os homens que deles participam, a transição para a … Show more

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“…No caso da relação entre gênero e intelectuais, interessante notar como a cada vez mais ampla e sofisticada produção brasileira não parecer estar sendo acompanhada em ritmo pelos estudos do PSB. Os textos de Heloísa Pontes, uma das principais pesquisadoras nessa área, permanecem como referência, em especial por mostrar como a dinâmica desigual de gênero explica diferentes papeis intelectuais em círculos de literatos, críticos e atores/atrizes, tema que ainda não é suficientemente explorado na área (PONTES, 1998;2004). É como se o horizonte da construção da nacionalidade que tanto animou a elite letrada brasileira ao longo da primeira metade do século XX ecoasse nos limites analíticos escolhidos pelos estudiosos contemporâneos, que buscam associar seus objetos de investigação -textos, livros, intelectuais e discursos -a uma matriz nacional que vem sendo cada mais questionada por dois fenômenos distintos -a globalização e a democratização da sociedade brasileira.…”
Section: Conclusãounclassified
“…No caso da relação entre gênero e intelectuais, interessante notar como a cada vez mais ampla e sofisticada produção brasileira não parecer estar sendo acompanhada em ritmo pelos estudos do PSB. Os textos de Heloísa Pontes, uma das principais pesquisadoras nessa área, permanecem como referência, em especial por mostrar como a dinâmica desigual de gênero explica diferentes papeis intelectuais em círculos de literatos, críticos e atores/atrizes, tema que ainda não é suficientemente explorado na área (PONTES, 1998;2004). É como se o horizonte da construção da nacionalidade que tanto animou a elite letrada brasileira ao longo da primeira metade do século XX ecoasse nos limites analíticos escolhidos pelos estudiosos contemporâneos, que buscam associar seus objetos de investigação -textos, livros, intelectuais e discursos -a uma matriz nacional que vem sendo cada mais questionada por dois fenômenos distintos -a globalização e a democratização da sociedade brasileira.…”
Section: Conclusãounclassified
“…O poder deste é equivalente à habilidade que demanda. O fato de que Cacilda estava, em certa medida, deslocada dos padrões estéticos do pós-guerra é particularmente relevante: a beleza é uma marca difícil de contornar nas artes performáticas e tende a sabotar o esforço de burla teatral (Pontes 2004:254) -a beleza permitiria a Cacilda incorporar a rainha, mas seria um estorvo na interpretação do menino. Vinte anos depois, ela comentou sobre sua incursão infrutífera ao cinema nos anos 1940: "E fui considerada, na época, pessoa não feita para o cinema, isto é, antifotogênica, de ossos expostos etc."…”
unclassified
“…basta pensarmos no círculo de intelectuais, escritores e críticos do "bloomsbury Group", na Inglaterra, e no Grupo Clima em são Paulo, cujos centros de sociabilidade inicial foram, respectivamente, a Universidade de Cambridge e a faculdade de filosofia da Universidade de são Paulo. Aqui como lá, como mostrei em outro trabalho (Pontes 1998), as mulheres que integraram esses grupos ocuparam uma posição secundária e foram relativamente excluídas ou se auto-excluíram (o que dá no mesmo, pois representa a forma cabal da internalização psicológica de uma exclusão social) dos espaços mais amplos de produção intelectual e cultural, marcadamente masculinos, da época. A flagrante exceção da escritora virgínia Woolf (no caso do "bloomsbury") e de Gilda de Mello e souza (a única mulher do Grupo Clima que conquistou nome próprio, em razão da sua trajetória acadêmica e dos trabalhos que produziu nas áreas de sociologia e estética) apenas confirma a assimetria das relações de gênero no interior desses círculos.…”
unclassified
“…Ao fixar-se em são Paulo para ingressar no teatro brasileiro de Comédia (tbC), com 27 anos de idade, ela trazia, assim, o "antes e o depois" que dividiu a história do teatro brasileiro. Mas, como sua formação cultural era ainda muito rala, apesar da garra, da obstinação, da disciplina e do talento já demonstrados, foi só no tCb que sua carreira deslanchou de fato, como resultado de um conjunto de circunstâncias muito precisas, no interior das quais se mesclam condicionantes de ordem biográfica, social, institucional e artística (Pontes 2004). sucesso de público e de crítica, superando-se a cada novo papel, sua ascensão como atriz, verdadeiramente vertiginosa, mimetizava o crescente prestígio do tbC junto ao público paulista.…”
unclassified