A alimentação de idosos sob vigilância: experiências no interior de um asilo

Abstract

Entendemos que o cotidiano alimentar no interior de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) pode ser estudado utilizando como referenciais teóricos os estudos de Goffman e Foucault. O primeiro autor nos auxilia nos debates sobre estrutura, natureza e dinâmica desses espaços, enquanto o segundo articula as eminentes questões disciplinares envolvidas neste contexto. Foi realizada uma pesquisa qualitativa com idosos residentes em duas instituições localizadas no Município do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Observamos que os idosos se encontram em franco processo de desumanização, se contentam com a sobrevivência do corpo biológico e com as regras institucionais, que impedem qualquer tipo de flexibilidade. O cotidiano dessas pessoas é destituído de vida. Elas aguardam "a morte chegar". A comida acaba sendo um mero mantenedor desse beco sem saída, de resignação completa, de expiação. Consideramos necessária uma profunda reflexão sobre o importante papel que a comida pode desempenhar como forma de resgate do imaginário desses idosos no espaço que habitam.

Prevalência de depressão e ansiedade entre idosos institucionalizados em Campina Grande, Paraíba

“…Por sua vez, os dados sobre a qualidade da alimentação correlacionaram-se à prevalência de Depressão (P-valor: 0.002) observada entre os idosos institucionalizados. Nesse sentido, têm-se a constatação de que o rígido controle institucional imposto sobre os horários, espaços e opções alimentares, na medida em representa um cerceamento da capacidade de afirmação da autonomia individual dos idosos justificado em função da necessidade de cuidado pelo equilíbrio nutricional (Camargos et al, 2015), acaba por comprometer o senso de satisfação positiva destes sujeitos, restando-lhes tão-somente a resignação passiva das próprias vontades, mobilizando assim angústias e infelicidade (Oliveira, Veras & Prado, 2010).…”