Riscos psicossociais relacionados ao trabalho do enfermeiro da Saúde da Família e estratégias de gerenciamento

Abstract

RESUMO Objetivo Analisar os riscos psicossociais relacionados ao trabalho do enfermeiro da Saúde da Família e as estratégias de gerenciamento para minimizá-los. Método Estudo exploratório, qualitativo, com enfermeiros das equipes da Estratégia da Saúde da Família. A coleta de dados ocorreu em julho de 2018 por entrevistas semiestruturadas e posteriormente foi realizada análise temática indutiva. Resultados Participaram 18 enfermeiros. Foram identificados riscos psicossociais relacionados ao contexto de trabalho: capacitação profissional insuficiente, relacionamento interpessoal comprometido, interface trabalho-família e violência psicológica; e relacionados ao conteúdo de trabalho: equipamento de trabalho insuficiente, déficit de recursos humanos e carga de trabalho extensa. Além disso, foram identificadas estratégias de gerenciamento destes riscos, tais como recorrer à família, espiritualidade, música e leitura. Conclusão O estudo deve provocar a reflexão dos enfermeiros acerca dos riscos que podem estar presentes no seu trabalho, além de contribuir para preencher lacunas na produção de conhecimento da área abordada. Pode ainda, fornecer subsídios para que os gestores de saúde conheçam os riscos psicossociais aos quais estão expostos estes profissionais, na perspectiva de adotar providências.

Segurança da equipe de enfermagem na sala de vacina nas Unidades Básicas de Saúde do Brasil

“…A grande maioria dos acidentes acontecem, também, devido a falta de treinamentos ou cursos de educação continuada para a equipe de enfermagem, sobre os riscos ocupacionais presentes naquele ambiente de trabalho (PEREIRA et al, 2018). Celestino et al (2020) identificou alguns problemas que acarretam na exposição do enfermeiro a alguns riscos dentro da UBS, como por exemplo: capacitação profissional insuficiente, conflito interpessoal no trabalho da equipe, dificuldade de conciliar os afazeres do lar com os do trabalho, exposição excessiva dos enfermeiros na mídia em casos de repúdio, falta de recursos materiais e de manutenção, número insuficiente de trabalhadores e o desvio de função e sobrecarga de trabalho.…”

Riscos psicossociais no trabalho no setor público brasileiro: revisão sistemática

“…Quanto aos resultados desses estudos, verificou-se que os riscos psicossociais no trabalho no setor público mais prevalentes se referem a fatores vinculados à avaliação das vivências de sofrimento, as quais incluem a interação entre questões do trabalhador e questões do trabalho (Camelo et al, 2012;Serafim et al, 2012;Azevedo & Figueredo, 2015;Araujo & Oliveira , 2019;Scozzafave et al, 2019;Celestino et al, 2020;Matos, Silva & Silveira, 2020;Rissi, Monteiro & Ferreira, 2020). A sobrecarga (longas jornadas de trabalho, pressões por produtividade e ritmo de trabalho intenso) e as condições precárias de trabalho (falta de recursos materiais ou manutenção de equipamentos, espaço físico inadequado e insuficiência no número de trabalhadores) foram os riscos psicossociais mais citados nos estudos analisados, especialmente os que envolveram profissionais da área de saúde (Madrid, Kotekewis & Glanzner, 2020;Sousa et al, 2020;Oliveira et al, 2018;Sobral et al, 2018;Silva et al, 2015;Medeiros et al, 2014;Souza et al, 2014;Beleza et al, 2013).…”

“…Outro dado preocupante revelado nas pesquisas se refere à violência no trabalho. O tipo de ocorrência prevalente foi a violência psicológica, apontada nos estudos com profissionais da saúde (Celestino et al, 2020;Matos, Silva & Silveira, 2020;Scozzafave et al, 2019;Fontana & Lautert, 2013), profissionais da assistência social (Lima et al, 2019;Roncoleta et al, 2019;Halpern, Leite & Moraes, 2015), profissionais da educação (Moreira & Rodrigues, 2018) e agente de serviços gerais (Serafim et al, 2012).…”

“…A falta de autonomia na realização das tarefas ou na participação nas decisões, bem como os conflitos de relacionamento foram fatores de destaque nos estudos com trabalhadores de enfermagem (Celestino et al, 2020;Madrid, Kotekewis & Glanzner, 2020;Sousa et al, 2020;Scozzafave et al, 2019;Sobral et al, 2018;Silva & Guimarães, 2016;Lima et al, 2015), agentes de combates a endemias (Matos, Silva & Silveira, 2020) e policiais militares (Ferreira, Bonfim & Augusto, 2012). Somado a isso, a insatisfação profissional também foi mais marcante nos estudos com profissionais da área da saúde (Matos, Silva & Silveira, 2020;Silva et al, 2015), embora também seja vivenciada por profissionais da educação (Greco et al, 2018), profissionais da segurança pública (Jaskowiak & Fontana, 2015) e profissionais da assistência social (Halpern, Leite & Moraes, 2015).…”

“…Ressalva-se que outros riscos psicossociais no trabalho foram apontados nos estudos analisados. Dentre eles, a falta de reconhecimento (Rissi, Monteiro & Ferreira, 2020;Sousa et al, 2020;Azevedo & Figueredo, 2015), a desmotivação e o conflito entre as exigências do lar e do trabalho (Celestino et al, 2020;Scozzafave et al, 2019) e a rigidez na estrutura hierárquica no ambiente laboral (Madrid, Kotekewis & Glanzner, 2020;Araujo & Oliveira, 2019).…”