Descrevendo o trabalho das mulheres da Comunidade Lapinha em Morro do Pilar (MG) trançando palha de Coqueiro Indaiá para confecção de chapéu, este artigo aponta como, nesse processo, essas mulheres protagonizam práticas matemáticas – identificadas como práticas de numeramento, para destacar sua natureza sociocultural e sua dimensão discursiva. Tendo acompanhado e conversado com as trançadeiras durante as várias etapas da confecção dos chapéus, identificamos seus modos de protagonizar práticas de numeramento nas posições discursivas que assumem enquanto desempenham e narram tais etapas. Destacamos, aqui, o que observamos na etapa da trançagem da palha, refletindo sobre como essas posições confrontam a lógica da matemática hegemônica ensinada na escola. O estudo busca conhecer melhor as trançadeiras e a atividade de confecção do chapéu, que sobrevive ao tempo e fortalece a identidade da comunidade. Apostamos na contribuição desse conhecimento para as reflexões sobre o ensino de matemática, em especial, na Educação do Campo.