Ao longo da história das políticas educacionais, no Brasil, a Educação de Jovens e Adultos – EJA - foi influenciada pelas intencionalidades, interesses e conflitos entre as classes sociais por meio dos vários segmentos do Estado ou da Sociedade Civil. As propostas recentes para o Ensino de Ciências – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Resolução N2/2012) - preveem um ensino de Biologia pautado no cotidiano do aluno jovem e adulto, por meio de uma linguagem que o possibilite a tomar decisões conscientes a partir do conhecimento científico. Com base neste aspecto, o objetivo deste artigo, uma parte da tese de doutorado, em andamento, é analisar a linguagem do livro didático de Biologia, direcionado à EJA, a fim de compreendermos como o jovem é objetivado, neste material educativo, e como este livro, artefato cultural, instrumento de poder, onde há um conhecimento científico está materializado. Para tanto, adotamos a Análise Crítica do Discurso (Chouliaraki e Fairclough (1999) e Fairclough (2003) por oferecer visibilidade crítica as relações que contemplem a problematização sobre questões de raça, gênero e diferenças de classes sociais, presentes neste suporte didático. As nossas análises textuais mostraram que o livro didático de Biologia, direcionado para o jovem e adulto trabalhador, que frequenta a EJA, apresenta um paradoxo ontológico: um enunciador que tenta se aproximar do aluno por meio da linguagem, porém, ainda, desconsidera o conhecimento trazido por este aluno.