Os objetivos deste artigo são caracterizar o cotidiano profissional de trabalhadores de sex shops; descrever seus relacionamentos familiares, trabalhistas e sociais; e identificar se os trabalhadores sofrem preconceito por parte da sociedade por conta do seu trabalho. Utilizando uma abordagem qualitativa, foram realizadas entrevistas individuais em profundidade com dez trabalhadores de sex shops de Belo Horizonte, acrescidas de anotações de campo. Os dados coletados foram trabalhados de acordo com a técnica da análise de conteúdo. Entre os principais resultados, destaca-se a boa convivência dos entrevistados com seu núcleo familiar e social. Quanto à sociedade em geral, tais trabalhadores são preconceituosamente associados à prostituição ou à homossexualidade. Há duas implicações principais no estudo; a primeira se refere à questão da alteridade pelo distanciamento, pois se há aceitação dos que estão intimamente relacionados os entrevistados, isso não ocorre com os que não se colocam em seu lugar por não conhecê-los, e a segunda implicação destaca a ambiguidade da temática: sexo é assunto de todos, mas não deve ser explicitado, o que faz da aproximação e da prática e do distanciamento e do silêncio, variáveis de uma dinâmica social contraditória a qual os que trabalham profissionalmente em segmentos ligados ao sexo estão sujeitos.