Resumo. O presente artigo apresenta uma reflexão sobre o sentido social da divulgação científica, que se configura nas pesquisas atuais em ensino de ciências. Reconhece a relevância das dimensões educacionais, busca identificar ações que possam enriquecer o trabalho docente. Visando produzir atividades de divulgação que promovam uma interação com o espaço formal, é apresentada uma perspectiva sociológica para a análise de situações concretas. Nesse processo, são investigadas as ações de dois atores relevantes: cientistas e professores da escola básica, introduzindo suas falas. Aborda-se a teoria da comunicação científica de Daniel Jacobi, baseada na teoria de campos de Pierre Bourdieu, com o objetivo de compreender as ações dos cientistas ao divulgarem seus trabalhos. Complementa-se tal debate reconhecendo, a partir das demandas desses dois espaços sociais distintos, dimensões que possam se mostrar profícuas na construção de ações para uma divulgação científica comprometida com o espaço escolar. Abstract. This article presents a reflection on the social sense of scientific dissemination that is configured in current research in science education. Recognizes the relevance of educational dimensions and how these actions can enrich the teaching job. So in order to produce outreach activities that promote an interaction with the formal space is debated a sociological perspective that can support actions of two relevant actors in this process: scientists and teachers of the elementary school. Therefore is studied the theory of scientific communication from Daniel Jacobi, based on field theory of Pierre Bourdieu, aiming to present the actions of scientists to disseminate their work. Complements this debate introducing the speech of researched to recognize the demands of two distinct social spaces and that may prove fruitful in building stock to a scientific publication committed to the school space. Palavras chaves: laboratórios científicos, teoria de campo, comunicação científica, fazer científico Key words: scientific laboratories, field theory, scientific communication, scientific work
IntroduçãoPesquisas recentes na área de Ensino de Ciências vêm desenvolvendo reflexões acerca do papel educacional de centros e museus científicos e sua relevância para a formação da população. Dentre os seus vários resultados, está a defesa da capacidade desses espaços em apresentar ao público temas atuais da ciência, promovendo uma relação com o conhecimento menos pragmática e mais prazerosa (VALENTE et.al., 2005; TRILLA, 2008;MARANDINO, 2010).Ainda que tal relação seja pensada de forma a não corresponder a uma visão tradicional do conhecimento, representada nas dimensões curriculares ou nos aspectos burocráticos que envolvem a escola, a relação com o saber adquirido em museus ou ações de divulgação científica (feiras, parques, exposições, etc.), possui, de qualquer forma, um viés educacional, sob o ponto de vista de sua capacidade em promover novos conhecimentos e reflexões críticas (como na educação formal).