Boa noite. É uma honra de ser convidada para proferir essa aula inaugural que celebra o início do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Quando cheguei a Florianópolis, em 1983, a antropologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estava numa situação similar. Entre os docentes do Mestrado em Ciências Sociais, fundado em 1979, apenas três dos 10 professores tinham doutorado em Antropologia e, por ser fora do eixo de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, era considerado um programa de pós-graduação da periferia. Tivemos problemas durante vários anos em atrair professores para as vagas existentes uma vez que separamos da Sociologia Política para estabelecer o Mestrado em Antropologia Social. Lembro de concursos sem candidatos e outros em que o candidato selecionado optou por não assumir o cargo. Estamos hoje com um Programa de Doutorado em Antropologia, criado em 1999, atualmente com 25 professores, vários deles com destaque nacional. O Programa também é a sede do INCT Brasil Plural (IBP), um dos três Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia com concentração em Antropologia, em um total de 129 INCT criados no Brasil. Como coordenadora do IBP, tenho orgulho deste fato, dado que a maioria dos Institutos é dedicada à tecnologia, à colaboração com empresas e às ciências naturais. Pensando em nosso processo na UFSC, posso afirmar que um futuro de crescimento e consolidação espera este novo programa na UFMT também. Agradeço a oportunidade de participar neste momento.Apesar de não conseguir largar meu sotaque forte -por ter nascido no país errado -como dizem meus amigos, a vinda ao Brasil resultou em uma mudança altamente positiva para mim. Aprendi uma outra Antropologia, que é bastante diferente da que me foi ensinada nos Estados Unidos. Na preparação das primeiras disciplinas aqui, me dediquei a ler toda a produção brasileira que pude, aprendendo novas maneiras de pensar tópicos familiares. Foi uma experiência